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UE pediu que Brasil suspenda embarques de carnes, dizem fontes

O pedido teria como fim evitar um bloqueio que levaria algum tempo até ser retirado, mas o governo brasileiro discordou

Carnes: embaixadores da UE têm buscado mais informações sobre as irregularidades descobertas na indústria de carne brasileira (Joe Raedl/AFP)
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Reuters

Publicado em 23 de março de 2017 às 20h17.

Última atualização em 23 de março de 2017 às 21h18.

Brasília - A União Europeia pediu que o Brasil suspendesse voluntariamente todos os embarques de carne para os países do bloco para evitar a imposição de um bloqueio que levaria algum tempo até ser retirado, mas o governo brasileiro não concordou, disseram diplomatas da UE em Brasília à Reuters nesta quinta-feira.

Embaixadores da UE têm buscado mais informações sobre as irregularidades descobertas na indústria de carne brasileira e criticaram o governo brasileiro por falhar em lidar com o problema como uma questão de saúde pública, segundo um diplomata que participou de uma reunião de embaixadores da UE em Brasília nesta quinta-feira.

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O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, não tinha conhecimento do pedido, de acordo com o ministério.

O governo brasileiro suspendeu embarques de carne produzida em 21 fábricas investigadas na operação Carne Fraca, da Polícia Federal, e tem feito campanha ressaltando qualidade do produto brasileiro.

Mas grupos agrícolas europeus pediram para a Comissão Europeia tomar uma ação mais forte contra as importações de carne do Brasil por causa do escândalo. Especialistas da UE vão se encontrar em Bruxelas na sexta-feira para decidirem sobre possíveis novas medidas.

A UE suspendeu importações de quatro instalações de processamento de carne do Brasil mais cedo nesta semana.

"Pedimos para os brasileiros suspenderem todas as exportações, mas eles recusaram", disse o diplomata. "Há uma decepção geral com a forma que o Brasil está tratando isso, como uma questão de relações públicas em vez de saúde pública", disse o diplomata.

Outra fonte diplomática europeia confirmou o pedido para o Brasil suspender voluntariamente todos os embarques de carne porque um bloqueio levaria um longo tempo para ser retirado, enquanto com a suspensão voluntária as vendas de carne poderiam ser retomadas a qualquer momento.

O escândalo prejudicou a reputação do Brasil como maior exportador de carne do mundo, com vendas de quase 14 bilhões de dólares no ano passado. O setor emprega cerca de 4 milhões de trabalhadores.

Nesta quinta-feira, a Arábia Saudita informou que decidiu interromper as importações de carne bovina e de frango de quatro empresas brasileiras -- JJZ Alimentos, Frango Dm Indústria e Comércio de Alimentos, Seara Alimentos, do grupo JBS e BRF .

Além da Arábia Saudita, o Egito também informou nesta quinta-feira suspensão de importações de carne brasileira até a confirmação de que o consumo é seguro.

Uma série de países já decretaram restrições à importação de carne brasileira desde o escândalo, incluindo a China.

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