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UE pede que países-membros "fiquem atentos" sobre carne do Brasil

A Comissão Europeia também garantiu estar em "contato constante" com as autoridades brasileiras para "acompanhar de perto" a questão

Carne: "Estes países não têm os mesmos padrões que nós", afirmam produtores (foto/Getty Images)
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EFE

Publicado em 20 de março de 2017 às 12h03.

Bruxelas - A Comissão Europeia (CE) garantiu nesta segunda-feira que não foi lançado nenhum alerta "específico" sobre a carne brasileira no mercado europeu depois que a Polícia Federal do Brasil revelou a existência de uma máfia no país, o maior exportador mundial de carne bovina e de frango, dedicada a adulterar estes produtos.

"Não há nenhum alerta específico sobre a carne brasileira no mercado europeu, mas pedimos aos Estados-membros que estejam atentos e intensifiquem os controles na carne procedente do Brasil, afirmou o porta-voz comunitário de Segurança Alimentar, Enrico Brivio, na entrevista coletiva diária da Comissão.

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Brivio também garantiu que "todos os estabelecimentos envolvidos nesta fraude suspenderão todas as suas exportações com destino à União Europeia (UE)".

A CE, acrescentou o porta-voz, está em "contato constante" com as autoridades brasileiras "e acompanha de perto a questão".

"Desde que as informações foram tornadas públicas, a CE pediu que os fatos fossem esclarecidos e uma ação por parte das autoridades brasileiras", detalhou o mesmo porta-voz.

Neste sentido, Brivio assegurou que durante o fim de semana foram realizados "contatos diplomáticos intensos" para o controle da situação e que os países estão "muito atentos aos controles obrigatórios de produtos de origem animal provenientes do Brasil".

Sobre o impacto do escândalo, o porta-voz explicou que a CE está "avaliando a situação", especialmente em relação à carne de ave.

As trocas comerciais com o Brasil não são regidas por nenhum acordo concreto, mas pelas normas internacionais da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A UE, no entanto, está realizando negociações para um acordo com os países do Mercosul, entre eles o Brasil, que cobrirá, entre outros, os produtos agrícolas, com um capítulo destinado aos produtos fitossanitários.

"O acordo de livre-comércio não vai debilitar, mas fortalecer nossas exigentes normas de qualidade e segurança alimentar", garantiu o porta-voz de Comércio do bloco europeu, Daniel Rosario.

Segundo Rosario, com a conclusão deste acordo "a exportação terá que responder a normas muito elevadas em termos de qualidade alimentícia, impostas pela UE com um sistema de certidão e controle associado".

O Brasil, um dos grandes produtores de alimentos do mundo, foi sacudido na última sexta-feira por uma operação policial que descobriu uma máfia que adulterava carnes e que tinha vínculos com pelo menos dois partidos da base do governo do presidente Michel Temer.

O país é o maior exportador mundial de carne bovina e de frango, o quarto no segmento de porcos e as exportações desses três representaram em 2016 7,2% desse comércio, com US$ 11,6 bilhões, sendo a UE o principal comprador.

Os produtores europeus, representados pelo Comitê de Organizações Agrárias e Cooperativas Comunitárias (Copa-Cogeca), pediram à CE que "proteja os padrões de segurança" por causa do escândalo e que os países do Mercosul assegurem "a rastreabilidade da pecuária e a proibição do uso de alimentação de carne e ossos na produção avícola".

"Estes países não têm os mesmos padrões que nós", afirmaram os produtores, por isso pediram "acordos justos e equilibrados".

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