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TV paga cresceria o dobro na América Latina, sem as ligações piratas

Pesquisa da Fox Entertainment Group afirma que as operadoras da região têm prejuízos anuais de 3,7 bilhões de dólares com ligações clandestinas

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h30.

O Brasil é o país com o maior número de ligações clandestinas de TV paga. A liderança pouco honrosa foi diagnosticada em uma pesquisa da Fox divulgada pelo americano The Wall Street Journal nesta sexta-feira (5/11). Na prática, o país acarreta prejuízos de 1,44 bilhão de dólares por ano para as operadoras. Considerando-se uma cotação média de 2,80 reais por dólar, as perdas atingem cerca de 4 bilhões de reais. A cifra é maior do que os 3,4 bilhões de reais que as operadoras faturaram no Brasil em 2003, segundo dados da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA).

O problema não é de longe exclusivo das empresas brasileiras. A pesquisa mostrou que as operadoras de TV por assinatura na América Latina poderiam dobrar o ritmo de crescimento anual dos negócios se não fossem prejudicadas pelas ligações clandestinas. Atualmente, o setor avança cerca de 4% por ano na região, mas a taxa poderia chegar a 8% se os "gatos" fossem combatidos, segundo Rolando Lemus, diretor de vendas da Fox Enterainment Group para a região.

Em razão disso, o esforço semelhante ao brasileiro de combate à clandestinidade (veja reportagem de EXAME a respeito) já pode ser visto em outros países. Empresas de outros países latino-americanos, como a mexicana Cablevision e a filial argentina da Multicanal, já aumentaram a vigilância. Os ilegais geram prejuízos anuais de 3,68 bilhões de dólares para as operadoras da região, segundo a pesquisa. E cerca de 8 milhões de pessoas utilizam ligações ilegais na América Latina.

Conforme Lemus, os clandestinos geram um círculo vicioso. A pirataria dos sinais reduz o número de assinantes das operadoras, o que acaba depreciando o preço dos espaços publicitários. Sem receita, as operadoras pressionam os produtores de programas, como a Fox, que acabam desestimulados a investir em novas atrações. "Se alguém pirateia o sinal da operadora, está elevando os custos de todo o setor", afirma Lemus.

Caça aos "gatos"

No México, conforme a pesquisa da Fox, um milhão de pessoas têm acesso à programação das operadoras, mas apenas metade delas paga por isso. Os prejuízos no país chegam a 1,1 bilhão de dólares por ano, o que o coloca como o segundo país em ligações clandestinas da região.

A Cablevision, maior operadora mexicana de TV paga e pertencente ao Grupo Televisa, está investindo 30 milhões de dólares para combater a pirataria. No ano passado, a base de assinantes encolheu 11% devido a essas práticas, e soma atualmente 350 mil pessoas.

Na Argentina, a associação local de operadores de TV a cabo estima que 20% das famílias que consomem programação paga são clandestinas, gerando perdas de 202 milhões de dólares por ano.

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