Economia

Títulos que substituirão C-Bonds vencerão até 2018

Alongamento do prazo por quatro anos é bem recebido por analistas, mas o nível de adesão à troca ainda gera dúvidas

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h38.

O Tesouro Nacional informou, nesta quinta-feira (21/7), que os novos títulos da dívida externa que substituirão os Capitalization Bonds (C-Bonds) vencerão, no máximo, em 2018. Trata-se de um alongamento de quatro anos em relação aos C-Bonds, que venceriam em 2014. Para analistas de mercado, o novo prazo é bem-vindo, embora os fundamentos da economia justificassem um alongamento maior dos papéis.

"Não é o ideal, mas já é bom para o país", afirma o economista Alex Agostini, da consultoria GRC Visão. Segundo Agostini, a situação atual e as perspectivas econômicas permitiriam uma rolagem maior da dívida. Ainda assim, não seria correto supor que a crise política vivida pelo governo Lula tenha influenciado a decisão dos investidores e impedido a concessão de um prazo maior. "O vencimento em 2018, ou mesmo em 2014, implica em pelo menos três novas eleições presidenciais. Por isso, o peso da crise atual é muito pequeno", diz.

O prazo final dos novos títulos será definido pelo Tesouro Nacional, com base num leilão aberto na segunda-feira. Nele, os investidores comunicaram ao governo brasileiro as condições em que aceitariam trocar seus papéis, como prazo de vencimento e taxa de remuneração. Encerradas as propostas, as autoridades monetárias definirão uma "linha de corte" para estabelecer o novo prazo. De acordo com a assessoria de imprensa do Tesouro, os detalhes da operação serão divulgados nesta sexta-feira (22/7).

Até o momento, a principal dúvida dos analistas é o grau de adesão dos investidores à troca dos papéis. "Quem comprou os papéis a um valor abaixo do preço de face vai aderir, mas não se sabe o que fará quem negociou quando o preço superou esse valor", diz o economista Jason Vieira, também da GRC Visão. Desde janeiro de 2004, quando foi negociado por 100% de seu valor de face pela primeira vez, o C-Bond tem sido vendido com um ágio de 1% a 2% sobre seu valor de face. Os que compraram o papel nestas condições podem relutar em trocá-los, perdendo o ágio decorrente de sua valorização.

Uma opção para esse grupo de investidores, segundo Vieira, é esperar até outubro, quando o governo brasileiro pagará os juros semestrais dos C-Bonds. Nessa ocasião, os investidores podem forçar o resgate dos papéis remanescentes por um preço mais vantajoso. "É difícil mensurar quantos investidores compraram abaixo do valor de face. Houve momentos quem que o papel foi negociado pela metade do preço, por exemplo", diz Vieira.

Os C-Bonds foram emitidos em abril de 1994, como parte do Plano Brady de renegociação da dívida brasileira, cuja moratória havia sido decretada em 1987, pelo então presidente José Sarney. Na ocasião, foram lançados 7,4 bilhões de dólares em C-Bonds. Ainda há 5,6 bilhões em circulação no mercado.

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