Tesouro paga mais para vender títulos brasileiros
Secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, Arno Augustin, enfrenta resistências internas cada vez maiores entre seus auxiliares
Da Redação
Publicado em 5 de dezembro de 2013 às 08h16.
Brasília - Identificado como o autor intelectual de manobras contábeis para fechar as contas do governo Dilma Rousseff, o secretário do Tesouro Nacional , Arno Augustin, enfrenta resistências internas cada vez maiores entre seus auxiliares, incluindo os 11 coordenadores-gerais do órgão, responsáveis pela área técnica.
O clima está quente nos corredores por causa da condução da política fiscal e o sentimento de incômodo é maior na área de dívida pública. A raiz do problema é a dificuldade em rolar títulos públicos - diante da crescente desconfiança do mercado financeiro, o Tesouro tem sido obrigado a oferecer juros maiores, o que encarece a dívida.
Uma apresentação com indicadores macroeconômicos e fiscais foi feita pelos coordenadores. A dificuldade para oferecer títulos no mercado a taxas mais baixas foi um dos principais temas, e o alvo da discussão.
Os coordenadores apontaram que o mercado "lê" o aumento constante dos juros nos papéis do Tesouro como "confirmação" de que o risco dos títulos brasileiros é alto. Assim, é criado um movimento que se retroalimenta. Arno defendeu a política fiscal do governo e disse que não compreendia as críticas de investidores relatadas por seus auxiliares.
Os técnicos apontaram dificuldades em cumprir metas do Plano Anual de Financiamento (PAF) no atual cenário, em que a taxa Selic está sendo elevada pelo Banco Central e voltou aos dois dígitos.
A grande preocupação da área de dívida do Tesouro é que a desconfiança do mercado com os indicadores brasileiros ganhe força caso as agências de classificação de risco rebaixem a nota brasileira, como já foi sinalizado pelas próprias agências, como a S&P. O PAF prevê uma parcela maior de títulos com juros prefixados, algo que o mercado evita em momentos de alta da Selic, quando papéis pós-fixados ficam atrativos.
Procurada, a Secretaria de Tesouro, por meio da assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda, não se pronunciou sobre a insatisfação da equipe técnica com o secretário, mas afirmou que não há dificuldades na rolagem de títulos públicos no mercado.
No entanto, um dos principais papéis de remuneração prefixada, o NTN-F com vencimento em 2023, vem sofrendo aumento constante nas taxas de juros. A remuneração do papel tem como referência os juros negociados em mercado. A distância, que era de 33 pontos básicos no início do ano, vem se aproximando de 5 pontos.
"Há um clima negativo, muita gente inflamada no Tesouro", afirmou uma fonte qualificada, que destacou o fato de que Augustin ouviu a apresentação dos técnicos, concordou com alguns pontos, mas se contrapôs a outros. Os subsecretários ficaram quietos durante todo o encontro. Mesmo os mais próximos a Augustin.
A reportagem apurou que a divisão na instituição ficou evidente na reunião. Um grupo teme o contágio permanente da política fiscal no mercado de títulos públicos. Outro defende de forma entusiasmada as medidas tomadas desde 2012, quando a economia para pagar juros da dívida, o superávit primário, caiu drasticamente, para contrabalançar os efeitos da crise mundial nos últimos dois anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Brasília - Identificado como o autor intelectual de manobras contábeis para fechar as contas do governo Dilma Rousseff, o secretário do Tesouro Nacional , Arno Augustin, enfrenta resistências internas cada vez maiores entre seus auxiliares, incluindo os 11 coordenadores-gerais do órgão, responsáveis pela área técnica.
O clima está quente nos corredores por causa da condução da política fiscal e o sentimento de incômodo é maior na área de dívida pública. A raiz do problema é a dificuldade em rolar títulos públicos - diante da crescente desconfiança do mercado financeiro, o Tesouro tem sido obrigado a oferecer juros maiores, o que encarece a dívida.
Uma apresentação com indicadores macroeconômicos e fiscais foi feita pelos coordenadores. A dificuldade para oferecer títulos no mercado a taxas mais baixas foi um dos principais temas, e o alvo da discussão.
Os coordenadores apontaram que o mercado "lê" o aumento constante dos juros nos papéis do Tesouro como "confirmação" de que o risco dos títulos brasileiros é alto. Assim, é criado um movimento que se retroalimenta. Arno defendeu a política fiscal do governo e disse que não compreendia as críticas de investidores relatadas por seus auxiliares.
Os técnicos apontaram dificuldades em cumprir metas do Plano Anual de Financiamento (PAF) no atual cenário, em que a taxa Selic está sendo elevada pelo Banco Central e voltou aos dois dígitos.
A grande preocupação da área de dívida do Tesouro é que a desconfiança do mercado com os indicadores brasileiros ganhe força caso as agências de classificação de risco rebaixem a nota brasileira, como já foi sinalizado pelas próprias agências, como a S&P. O PAF prevê uma parcela maior de títulos com juros prefixados, algo que o mercado evita em momentos de alta da Selic, quando papéis pós-fixados ficam atrativos.
Procurada, a Secretaria de Tesouro, por meio da assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda, não se pronunciou sobre a insatisfação da equipe técnica com o secretário, mas afirmou que não há dificuldades na rolagem de títulos públicos no mercado.
No entanto, um dos principais papéis de remuneração prefixada, o NTN-F com vencimento em 2023, vem sofrendo aumento constante nas taxas de juros. A remuneração do papel tem como referência os juros negociados em mercado. A distância, que era de 33 pontos básicos no início do ano, vem se aproximando de 5 pontos.
"Há um clima negativo, muita gente inflamada no Tesouro", afirmou uma fonte qualificada, que destacou o fato de que Augustin ouviu a apresentação dos técnicos, concordou com alguns pontos, mas se contrapôs a outros. Os subsecretários ficaram quietos durante todo o encontro. Mesmo os mais próximos a Augustin.
A reportagem apurou que a divisão na instituição ficou evidente na reunião. Um grupo teme o contágio permanente da política fiscal no mercado de títulos públicos. Outro defende de forma entusiasmada as medidas tomadas desde 2012, quando a economia para pagar juros da dívida, o superávit primário, caiu drasticamente, para contrabalançar os efeitos da crise mundial nos últimos dois anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.