Número de desempregados salta 36% em seis meses na pandemia
Eram 13,8 milhões em busca de uma vaga em outubro, segundo dados da Pnad Covid do IBGE. Taxa de desemprego atinge 14,1%, maior da série
Agência O Globo
Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 09h53.
Última atualização em 1 de dezembro de 2020 às 10h41.
O número de desempregados saltou 36% em seis meses e atingiu 13,8 milhões de pessoas em outubro, segundo dados da Pnad Covid, divulgada nesta terça-feira pelo IBGE. Em maio, quando teve início a pesquisa, eram 10,1 milhões.
Com isso, a taxa de desemprego ficou em 14,1% em outubro, a maior da série, iniciada em maio. Naquele mês, o índice estava em 10,7%.
Entre os fatores que contribuem para a alta do desemprego está a flexibilização do isolamento. Nos primeiros meses da pandemia, muitos brasileiros não saíam de casa em busca deuma vaga, seja por medo da doença ou por acreditarem que não encontrariam.
Na metodologia do IBGE, é considerado desempregado quem procura uma oportunidade de trabalho e não encontra.
— O aumento por busca de trabalho é um movimento natural nessesegundo semestre. A questão é quando a economia vai bem, essa mão de obra é absorvida.O que vemos é que aumenta a procura, mas o mercado não absorve, o que elevaesta taxa total de desocupação – explica a coordenadorada pesquisa, Maria Lúcia Vieira.
Os dados da Pnad Covid divulgados hoje não são comparáveis aos da Pand contínua, divulgada na semana passada e que tem informações trimestrais. Pelos cálculos da Pnad Contínua, a taxa de desemprego atingiu 14,6% no trimestre encerrado em setembro, a mais alta desde o início da série desta pesquisa, em 2012.
A Pnad Covid também traz informações sobre testagem e sintomas da doença.
Menos gente recebendo auxílio
A fatia de domicílios que recebeu auxílio emergencial em outubro cresceu em relação ao início da pesquisa, mas já está em patamar inferior ao registrado nos últimos meses.
Um total de 42,2% dos domicílios tinha alguém que recebeu o benefício em outubro, somando cerca de 29 milhões de residências, quase um milhão a menos que setembro.
Segundo Maria Lucia, a queda na quantidade de pessoas recebendo auxílio pode estar relacionada ao aumento da força de trabalho, mas a pesquisa não detalhada esse dado.
— Não temos esse cruzamento, mas podemos ver que o comportamento é complementar. Tivemos o menor índice de população ocupada em julho, o qual volta a crescer em outubro. E em julho foi registrado o maior número de pessoas com auxílio, e esse índice cai depois.
O pico do montante de domicílios que recebiam o auxílio foi em julho (44,1%). Em maio, era 38,7%.