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Superávit primário bate recorde, apesar dos gastos com pessoal

Pela primeira vez, desde 1991, o governo brasileiro consegue economizar o suficiente para pagar os juros

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h52.

Nem mesmo o aumento dos gastos com servidores públicos impediu que o setor público registrasse uma economia recorde nos gastos em abril. No mês, o superávit primário chegou a 16,3 bilhões de reais, o melhor resultado desde 1991, quando o Banco Central iniciou a divulgação da série histórica. No ano, o superávit alcançou 44 bilhões de reais, ou 7,3% do PIB. A meta para os primeiros quatro meses do ano era de 5,7%.

Dessa vez, a economia foi mais do que suficiente. O governo pagou os juros da dívida, que somaram 13,2 bilhões no período, e ainda sobrou dinheiro. "Sem dúvida, foi uma surpresa. Os gastos com folha de pagamento não causaram grande impacto", diz Guilherme Loureiro, economista da Tendências Consultoria.

O crescimento da economia também contribuiu para o resultado recorde. Como a carga tributária permaneceu estável, o aumento do superávit primário se deve à expansão econômica: quanto maior o faturamento e o lucro das empresas, melhor é o resultado da arrecadação para o governo. "Houve o que chamamos de carry over, ou seja, as empresas ainda sentem as vantagens do crescimento econômico do ano passado", explica Loureiro. O grande responsável pelo saldo positivo foi o governo federal, que arrecadou 87,7% da receita total. Estados e municípios contribuíram com uma fatia de 11%, e as empresas estatais, com 1,2%.

Efeito sazonal

Apesar de o resultado ter ficado bem acima do esperado, o analista da Tendências lembra que os números de abril não incluíram o reajuste do salário mínimo. As despesas com a previdência social, bastante influenciadas pelo aumento dos salários, são responsáveis por 40% dos gastos do governo federal.

Na opinião de Loureiro, o superávit primário deverá ficar dentro da meta este ano, ajustada em 4,1%. Esse percentual corresponde à meta de superávit fiscal (4,25%) descontados os investimentos em infra-estrutura. "Existe uma margem para ampliar o superávit em até meio ponto percentual, mas politicamente seria inviável cortar ainda mais os gastos", diz o economista.

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