Brasil registra primeiro superávit em conta corrente desde 1992
O Brasil registrou no ano passado o primeiro superávit em conta corrente desde 1992, de 4,05 bilhões de dólares. O resultado consta no Relatório sobre Setor Externo divulgado na manhã desta quinta-feira (22/1) pelo Banco Central (BC). A expectativa da instituição, no entanto, é que esse superávit não se sustente ao longo de 2004, devido […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h40.
O Brasil registrou no ano passado o primeiro superávit em conta corrente desde 1992, de 4,05 bilhões de dólares. O resultado consta no Relatório sobre Setor Externo divulgado na manhã desta quinta-feira (22/1) pelo Banco Central (BC). A expectativa da instituição, no entanto, é que esse superávit não se sustente ao longo de 2004, devido a um esperado aumento das importações. Em 2002, o déficit em conta corrente ficou em 7,7 bilhões.
A conta corrente é uma parte da contabilidade nacional, uma espécie de balanço financeiro, onde se registram a entrada e a saída de dinheiro do país. Estão incluídas na conta corrente três tipos de movimentações: os negócios ligados a exportação e importação (balança comercial); os gastos com frete, com o turismo internacional, bem como o pagamento de juros de dívidas (balança de serviços); e o dinheiro enviado por migrantes para seus parentes, seja de brasileiros que moram fora (e mandam dinheiro para o país) ou de imigrantes que moram no Brasil (que mandam dinheiro para fora).
Quando um país registra superávit, isso significa que terá mais recursos para pagar seus compromissos e reduzir seu endividamento. Também pode aumentar suas reservas e terá mais dinheiro para fazer investimentos. Historicamente, a conta corrente brasileira fica no vermelho porque o Brasil remete mais dinheiro do que recebe. Isso deixa o país vulnerável e principalmente dependente de investimentos diretos estrangeiros (que são registrados em outra parte do balanço, a conta capital). No ano passado, os investimentos diretos estrangeiros caíram. Entraram no Brasil 10,1 bilhões de dólares, um montante 39% menor que os 16,6 bilhões conseguidos em 2002.
Olhar cauteloso
Para o economista Evaldo Alves, professor do Departamento de Planejamento e Análise Econômica da FGV-EASP, é preciso avaliar com cautela o superávit do ano passado. Um ponto importante a considerar foi o ritmo desacelerado das importações - elas cresceram apenas 2,3%, totalizando 48,3 bilhões de dólares, enquanto as exportações avançaram 21%, fechando o ano em 73 bilhões de dólares. O descompasso entre importação e exportação contribuiu em muito para o superávit, diz Alves. Isso indica que o país deixou de comprar máquinas, equipamentos, insumos e matérias-primas, em outras palavras, que investiu menos no crescimento. Esse quadro não deve e não pode se manter neste ano, na avaliação do economista. O Brasil precisa de resultados positivos na balança comercial, tanto com o aumento das importações, quantos das exportações e tem boas condições para alcançar esse desempenhio neste momento, afirma.
Para o economista, o Brasil atravessa um período de conquista de credibilidade no mercado internacional, tem uma indústria competitiva e uma produção agropecuária importante. No curto prazo, tem condições de fortalecer o comércio com economias tradicionais, como Estados Unidos e União Européia. Mas, de olho no crescimento de longo prazo, deve trabalhar para ampliar negócios com países cujas economias crescem de forma consistente e tendem a se estabelecer como mercados promissores. Nessa lista estão parceiros como China, Índia, Rússia e Coréia.