Exame Logo

Basf continuará a investir no Brasil, mas China é prioridade

Há quase um século, a alemã Basf investe no Brasil e na América do Sul. Só nos próximos quatro anos, 400 milhões de reais serão direcionados para cá. Hoje, entretanto, o país e a região estão longe de ser prioridade para a empresa. Em entrevista à EXAME, Rolf-Dieter Acker, presidente da BASF para a América […]

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h24.

Há quase um século, a alemã Basf investe no Brasil e na América do Sul. Só nos próximos quatro anos, 400 milhões de reais serão direcionados para cá. Hoje, entretanto, o país e a região estão longe de ser prioridade para a empresa. Em entrevista à EXAME, Rolf-Dieter Acker, presidente da BASF para a América do Sul, explicou por que as atenções da corporação estão voltadas para a China e o que isso significa para o Brasil.

EXAME - De que maneira a "febre chinesa" está afetando os negócios da subsidiária brasileira da Basf?

Veja também

Rolf-Dieter Acker - O principal reflexo nos negócios da operação brasileira da Basf e em boa parte das indústrias químicas foi o aumento das exportações em alguns segmentos de negócio. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), no ano passado as exportações brasileiras para a China, em volume, chegaram a 180 mil toneladas, mais que o dobro das 83 mil toneladas de 2002. Em valores, as vendas externas movimentaram 112 milhões de dólares em 2003, contra 58 milhões de dólares do ano anterior. A febre chinesa não traz somente riscos, mas também, muitas oportunidades para o Brasil.

EXAME - Quais foram os investimentos feitos no Brasil nos últimos quatro anos e quais serão feitos nos próximos três?

Acker - Apesar da última décadater sido difícil para a América do Sul, a Basf investiu cerca de 300 milhões de euros na região nos últimos três anos. Cerca de 85% desses investimentos foram direcionados ao Brasil. No período de 2004 a 2008, a empresa pretende investir 400 milhões de reais. Esses valores não estão relacionados a grandes projetos, mas apenas à manutenção das nossas fábricas. Não há restrições para investimentos na América do Sul.

EXAME - Na competição por investimentos, a subsidiária brasileira perdeu algo para a China, Coréia, Tailândia, Índia ou outro país asiático?

Acker - Nos próximos anos, a Basf fará a maior parte dos seus investimentos na Ásia por uma razão: as previsões indicam um crescimento exorbitante no consumo de produtos químicos nesta região e, por isso, precisamos ter lá o mesmo nível de fornecimento e infra-estrutura já alcançado nas outras regiões, e isso exige capital.

EXAME - A forte presença da China na economia mundial obrigou a matriz da empresa a rever, de algum modo, seus planos para o Brasil?

Acker - Não. A Basf sempre investiu no Brasil durante seus 93 anos de história e não tem restrições quanto a fazer investimentos na América do Sul. Tudo é uma questão de oportunidade e de cenário. No momento atual, há grandes oportunidades de investimento na região asiática e, por isso, os maiores volumes de nossos recursos estão sendo direcionados para lá.

EXAME - Há fatores que emperram os investimentos no Brasil?

Acker - A Basf espera que o governo atual continue privilegiando a estabilidade econômica e o crescimento do país. Além disso, ele deve continuar a dar atenção às ações que estimulem o desenvolvimento econômico e social. Entre elas, destaco a reforma tributária, o suporte às exportações, a melhoria da infra-estrutura e o incentivo a uma maior integração com os blocos de livre comércio. Acreditamos que a retomada econômica do Brasil será lenta, sobretudo por causa dos juros altos. A retração do consumo também prejudica. Porém, as perspectivas de crescimento da agricultura continuam, bem como da atividade industrial. Com isso, haverá um aquecimento do mercado e nossa projeção para 2004 é de um crescimento de 3% no PIB.

EXAME Como o senhor avalia a balança comercial brasileira no setor químico?

Acker - O déficit comercial da indústria química é o mais representativo dentro da balança do país. Isto acontece devido aos problemas de infra-estrutura e, como conseqüência, da falta de investimentos paraa produção de matéria-prima local. Em contrapartida, a indústria química, na qual a Basf está inserida, é uma cadeia diversificada de negócios que colabora indiretamentecomo aumento das exportações de outros setores, como o têxtil, o de couros e o de pigmentos. Em2003, a operação brasileira da BASF importou 300 milhões de dólares, e o déficit da nossa balança comercial no país foi de 180 milhões de dólares. Para este ano, estimamos umcrescimento de 10% nas importações e nas exportações. Os principais destinos das exportações da BASF são os países da América do Sul que, assim como o Brasil, também estimam crescimento para este ano.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame