Nova York - Os principais índices do mercado de ações dos EUA fecharam em queda hoje, com investidores liquidando apostas em ativos arriscados e migrando para outras aplicações relativamente mais seguras diante de sinais de que os governos de alguns países europeus estão tendo dificuldades para financiar suas dívidas e de que o nível de emprego nos EUA não está melhorando no ritmo esperado.

Pela manhã, o Departamento de Trabalho dos EUA divulgou que o número de trabalhadores norte-americanos que entraram pela primeira vez com pedido de auxílio-desemprego subiu 8 mil na semana até 30 de janeiro, para 480 mil, após ajustes sazonais. Economistas ouvidos pela Dow Jones esperavam queda de 10 mil pedidos.

O dado provocou uma reação de cautela entre os investidores, visto que amanhã será divulgado o relatório mensal do governo norte-americano sobre a situação do mercado de trabalho do país. A expectativa é de que o número de postos de trabalho na economia permaneça estável e que a taxa de desemprego cresça de 10% para 10,1%.

Além disso, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, afirmou que a união monetária europeia ainda enfrenta grandes desafios por conta dos déficits orçamentários em países como a Grécia e a Espanha, mas que a solução apresentada pelos governos está caminhando na direção certa.

No entanto, os investidores aparentemente discordaram da opinião da autoridade e empurraram o euro para o menor nível em oito meses em relação ao dólar devido a receios com a capacidade desses países em implementar as medidas de ajuste fiscal. A Grécia, cujo déficit orçamentário em 2009 atingiu um valor equivalente a 12,7% do Produto Interno Bruto (PIB), anunciou na terça-feira um congelamento nos salários dos funcionários públicos para equilibrar as contas do país. Um dos maiores sindicatos gregos, no entanto, convocou uma greve nacional para protestar contra a medida.

O VIX - índice que mede a volatilidade do mercado e conhecido como termômetro das preocupações dos investidores - subiu 19,6%, para 25,84 pontos - maior nível desde 26 de janeiro.

O Dow Jones caiu 268,37 pontos, ou 2,61%, a 10.002,18 pontos, embora minutos antes do fechamento tenha atingido a mínima intraday de 9.998,71 pontos pela primeira vez desde 6 de novembro. O declínio do índice em pontos foi o mais acentuado já registrado numa única sessão desde 20 de abril de 2009. Em termos porcentuais, foi a queda mais aguda desde 2 de julho.

Com exceção da Cisco Systems, que subiu 0,22% após ter divulgado um lucro acima do esperado para o quarto trimestre, todos os componentes do Dow Jones recuaram. A queda mais acentuada foi a dos papéis do Bank of America (-5,02%). A instituição concordou em pagar US$ 150 milhões em um acordo com reguladores após ter sido acusada de não informar aos acionistas corretamente sobre as dívidas do Merrill Lynch antes de adquirir o banco no início de 2009. O acordo, no entanto, precisa ser aprovado por um juiz.

O Nasdaq fechou em baixa de 65,48 pontos, ou 2,99%, a 2.125,43 pontos - declínio mais acentuado em pontos numa única sessão desde 10 de fevereiro de 2009. Em termos porcentuais, a queda é a maior desde 1 de outubro do ano passado. Do início do ano até agora, o índice acumula queda de 6,33%.

O S&P 500 caiu 34,17 pontos, ou 3,11%, para 1.063,11 pontos - o menor de fechamento desde 4 de novembro, com o declínio mais acentuado desde 20 de abril. Na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse, na sigla em inglês), o volume negociado alcançou 1,483 bilhão de ações, de 1,060 bilhão de ações ontem. No Nasdaq, o volume somou 2,739 bilhões de ações negociadas, de 2,271 bilhões de ações ontem; 389 ações subiram e 2.346 caíram. As informações são da Dow Jones.