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Shoppings se reinventam com avanço de varejo online no Brasil

Nos últimos anos, operadoras vinham se antecipando ao movimento do ecommerce , reforçando a oferta de serviços e opções de entretenimento

Shopping centers: com proliferação de aplicativos de transporte como Uber há o recuo na atividade dos estacionamentos dos centros (George Rudy/Thinkstock)
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Reuters

Publicado em 13 de julho de 2018 às 19h09.

Última atualização em 13 de julho de 2018 às 19h30.

São Paulo - A evolução do comércio eletrônico no Brasil vem ocorrendo mais lentamente que em outros mercados desenvolvidos como Estados Unidos e China, mas já desafia as empresas que atuam no segmento varejista a redesenhar as operações para se adaptarem às mudanças no comportamento do consumidor.

Nos últimos anos, as operadoras de shopping centers vinham se antecipando ao movimento do e-commerce no país, reforçando a oferta de serviços e opções de entretenimento, além de buscarem alternativas à perda das receitas com estacionamento.

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"O Brasil até largou na frente nesse quesito... O impacto do e-commerce vai ser sentido, mas em menor grau que nos Estados Unidos", afirmou à Reuters o analista do BTG Pactual, Gustavo Cambauva.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Glauco Humai, os shoppings no Brasil são mais que centro de compras e não necessariamente precisam competir com o comércio eletrônico.

Em vez disso, ele aposta que o setor pode assumir papel central no desenvolvimento do ecommerce no país, que ainda esbarra em questões de infraestrutura logística. "O que torna nossos shoppings uma joia é a localização... Eles seriam centros de distribuição perfeitos", disse Humai.

Uma das consequências da mudança de hábitos dos consumidores em direção a compras online e da proliferação de aplicativos de transporte como Uber é o recuo na atividade dos estacionamentos dos shoppings, uma das fontes de receitas dos empreendimentos.

A Multiplan apurou crescimento de 12 por cento na receita de estacionamento de seus shoppings em 2015, conta que recuou para queda de 0,5 por cento no ano passado. Na rival Iguatemi, a linha passou de expansão de 18 por cento para alta de 4 por cento no mesmo período. Já a BRMalls viu a expansão de 11 por cento passar para apenas 0,6 por cento.

"Na pior das hipóteses convertemos parte dos nossos 570 shoppings em centros de distribuição", comentou o presidente da Abrasce se referindo ao número de empreendimentos atuais no Brasil.

A estratégia de olhar os shoppings como centrais de distribuição de produtos espelha a de grandes redes de varejo como a Via Varejo, que está construindo mini galpões em lojas físicas para acelerar os prazos de entrega de mercadorias compradas pela Internet. Isso ocorre num momento em que o setor se esforça para integrar os canais online e offline, enquanto a concorrência se acirra com uma atuação possivelmente mais intensa da gigante norte-americana Amazon no mercado brasileiro.

No início do ano, a Reuters noticiou que a Amazon estava se reunindo com fornecedores locais de itens eletrônicos, perfumaria e outros produtos, além de negociar a locação de um galpão em Cajamar (SP) e um acordo com a companhia aérea Azul para entrega de mercadorias.

"Se vem uma Amazon ou um Alibaba podemos negociar que nossos shoppings sejam os centros de distribuição para eles", afirmou Humai.

Uma das primeiras administradoras de shopping centers a se aventurar no ecommerce foi a BRMalls, que há cerca de três anos introduziu um projeto piloto em seu Shopping Metrô Santa Cruz, em São Paulo, para entregas de restaurantes da praça de alimentação.

"Montamos uma central de entregas que fazia a ponte entre gerador de pedidos e as lojas de alimentação... O negócio começou a dar muito certo e percebemos que tinha potencial", contou o diretor de operações da BRMalls, Vicente Avellar.

Em 14 de maio, a companhia anunciou investimento não majoritário na plataforma aberta Delivery Center para desenvolver o chamado "ship from mall", um modelo de entregas que usará shoppings como centros de distribuição.

O plano é que os 40 empreendimentos da BRMalls estejam integrados à plataforma até o fim de 2019. A parceria não é exclusiva e o projeto foi implementado no início de julho no Shopping Tijuca, no Rio de Janeiro, inicialmente com alimentação. Além disso, outros dois shoppings independentes e um prédio comercial convertido pela Delivery Center estão em operação.

"Só nos primeiros três meses de operação conseguimos um incremento de 15 por cento das vendas da praça de alimentação", disse o presidente da Delivery Center, Andreas Blazoudakis, que também é cofundador da empresa de aplicativos para dispositivos móveis Movile.

De acordo com Blazoudakis, além da BRMalls, a Delivery Center ainda negocia parcerias com outras redes de shopping centers. "Cabem mais duas ou três como acionistas", afirmou o executivo.

Ainda no setor, outra empresa interessada em ingressar no ecommerce é a Multiplan, que planeja lançar até o fim deste ano uma versão experimental de um canal de vendas online, o MultiShopping.

"Vai começar no BarraShopping (no Rio de Janeiro) e depois vamos adicionando novos shoppings ao longo do tempo...A ideia é levar o shopping para casa do cliente", explicou o diretor vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Multiplan, Armando d'Almeida Neto.

Também procurada pela Reuters, a Iguatemi disse que "está sempre atenta a novas oportunidades de negócio", mas não informou se estava desenvolvendo ou estudando iniciativas para o comércio eletrônico.

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