Setor vê preço de energia de curto prazo acima de R$200
Em 2013, com forte acionamento térmico e preços altos, o Preço de Liquidação de Diferenças médio anual ficou em R$263,09 por MWh
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2014 às 14h03.
São Paulo - Agentes que atuam com comercialização de energia estimam que o preço médio de energia de curto prazo no Brasil em 2014 fique acima dos 200 reais por megawatt-hora (MWh), um cenário não muito diferente do ano passado devido à alta geração térmica e diante da atenção com os reservatórios das hidrelétricas .
Em 2013, com forte acionamento térmico e preços altos, o Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) médio anual ficou em 263,09 reais por MWh, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), responsável pelo cálculo. Foi o PLD médio anual mais alto desde 2003, sendo que a partir de setembro de 2013 o cálculo do preço passou a incorporar mecanismos de aversão ao risco de suprimento, o que colabora para elevar o PLD.
No ano anterior, o PLD médio anual já tinha sido o maior em 10 anos, a 166,69 reais por MWh. Em anos de hidrologia mais favorável, o PLD médio anual chegou a patamares como 13,25 reais por MWh, em 2003, e 29,42 reais por MWh, em 2011.
Embora a maioria dos agentes consultados espere que 2014 seja um ano de preços menos elevados que em 2013 e com menor preocupação em relação ao abastecimento de energia e nível de armazenamento das hidrelétricas, as poucas chuvas verificadas no início de janeiro surpreenderam.
Ao final de dezembro, as estimativas eram de que janeiro tivesse chuvas na média ou um pouco abaixo da média para o mês, mas a forte redução que voltou a alavancar nesta semana o PLD para quase 400 reais por MWh deixou os especialistas mais cautelosos. Como consequência dessa elevação, a geração térmica no país foi elevada para 11,7 GW médios.
"No nosso planejamento, já contávamos com um pico em janeiro, mas não com preço tão alto. A gente vê 2014 como um ano muito parecido com 2013, mas um pouco melhor... A minha expectativa é que em fevereiro venha a atenuar o preço", disse o presidente da CPFL Brasil, comercializadora de energia do grupo CPFL, Fábio Zanfelice.
Para o diretor da Excelência Energética, Erik Rego, o PLD médio em 2014 deve ficar em torno dos 200 reais por MWh, caindo para uma faixa entre 100 a 150 reais por MWh somente em 2015.
"O risco de insuficiência de energia é muito baixo. Mesmo porque neste ano vai entrar bastante energia (das usinas) do Rio Madeira. O ano é de risco baixo com preço alto", disse.
Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia, considerou que é preciso que as chuvas até abril sejam abundantes para recompor os reservatórios. "Eu acredito que este ano vai ser melhor que o ano passado, mas é uma crença com base de que geralmente não temos dois períodos (úmidos) tão ruins assim, mas não é impossível que aconteça", disse ele.
O período úmido de 2013 já foi um dos piores da história e analistas já manifestavam preocupações sobre segurança do abastecimento para 2014, caso os reservatórios não fossem recompostos. Desde então, o governo acionou fortemente as termelétricas e os reservatórios iniciaram janeiro em situação melhor que do ano passado.
Por enquanto, dadas as previsões de chuva no curto prazo, Vlavianos vê o PLD médio de 2014 entre 200 e 300 reais por MWh. "Mas pode ser que daqui a uns meses isso mude", pondera.
O presidente da comercializadora Trade Energy, Walfrido Ávila, acredita que o PLD neste ano deva ter comportamento similar ao do ano passado, apenas um pouco abaixo, com uma tendência média de custo marginal de operação do sistema (CMO) de 250 reais por MWh. Ele não acredita que mais térmicas sejam acionadas no curto prazo. "As térmicas que faltam ser ligadas agora são muito caras. A tendência agora é, enquanto não houver recuperação, ficar nesse patamar".
O acionamento de térmicas atualmente é automatizado, com incorporação dos mecanismos de aversão ao risco usados na operação do sistema aos programas computacionais, mudança feita em 2013. Assim, o acionamento de térmicas preventivo é dado pelos próprios programas de operação do setor elétrico, numa medida para dar segurança extra para o sistema.
Assim, Vlavianos da Comerc considera que uma decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) por acionamento de térmicas pode dar um sinal de alerta. "Se despachar fora da ordem de mérito, significa que não estão acreditando no que o governo está fazendo", avalia.
O presidente da Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Carlos Ribeiro, lembra que a geração térmica elevada em pleno período úmido não é algo corriqueiro. "Mas a situação em geral não é periclitante, mesmo porque estamos no início da estação chuvosa. Pode ser que venham chuvas intensas e esse problema se reverta de uma hora pra outra", disse o executivo que já trabalhou como diretor do ONS.
O diretor comercial da Bolt Comercializadora, Rodolfo Salazar, vê o preço médio de energia de curto prazo entre 190 e 220 reais por MWh em 2014, embora considere que a cifra possa mudar, dado que estamos no início do período úmido.
"O preço médio de fevereiro deve ficar mais baixo que o de janeiro. Fevereiro é o mês que mais chove historicamente e tem uma responsabilidade muito grande".
São Paulo - Agentes que atuam com comercialização de energia estimam que o preço médio de energia de curto prazo no Brasil em 2014 fique acima dos 200 reais por megawatt-hora (MWh), um cenário não muito diferente do ano passado devido à alta geração térmica e diante da atenção com os reservatórios das hidrelétricas .
Em 2013, com forte acionamento térmico e preços altos, o Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) médio anual ficou em 263,09 reais por MWh, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), responsável pelo cálculo. Foi o PLD médio anual mais alto desde 2003, sendo que a partir de setembro de 2013 o cálculo do preço passou a incorporar mecanismos de aversão ao risco de suprimento, o que colabora para elevar o PLD.
No ano anterior, o PLD médio anual já tinha sido o maior em 10 anos, a 166,69 reais por MWh. Em anos de hidrologia mais favorável, o PLD médio anual chegou a patamares como 13,25 reais por MWh, em 2003, e 29,42 reais por MWh, em 2011.
Embora a maioria dos agentes consultados espere que 2014 seja um ano de preços menos elevados que em 2013 e com menor preocupação em relação ao abastecimento de energia e nível de armazenamento das hidrelétricas, as poucas chuvas verificadas no início de janeiro surpreenderam.
Ao final de dezembro, as estimativas eram de que janeiro tivesse chuvas na média ou um pouco abaixo da média para o mês, mas a forte redução que voltou a alavancar nesta semana o PLD para quase 400 reais por MWh deixou os especialistas mais cautelosos. Como consequência dessa elevação, a geração térmica no país foi elevada para 11,7 GW médios.
"No nosso planejamento, já contávamos com um pico em janeiro, mas não com preço tão alto. A gente vê 2014 como um ano muito parecido com 2013, mas um pouco melhor... A minha expectativa é que em fevereiro venha a atenuar o preço", disse o presidente da CPFL Brasil, comercializadora de energia do grupo CPFL, Fábio Zanfelice.
Para o diretor da Excelência Energética, Erik Rego, o PLD médio em 2014 deve ficar em torno dos 200 reais por MWh, caindo para uma faixa entre 100 a 150 reais por MWh somente em 2015.
"O risco de insuficiência de energia é muito baixo. Mesmo porque neste ano vai entrar bastante energia (das usinas) do Rio Madeira. O ano é de risco baixo com preço alto", disse.
Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia, considerou que é preciso que as chuvas até abril sejam abundantes para recompor os reservatórios. "Eu acredito que este ano vai ser melhor que o ano passado, mas é uma crença com base de que geralmente não temos dois períodos (úmidos) tão ruins assim, mas não é impossível que aconteça", disse ele.
O período úmido de 2013 já foi um dos piores da história e analistas já manifestavam preocupações sobre segurança do abastecimento para 2014, caso os reservatórios não fossem recompostos. Desde então, o governo acionou fortemente as termelétricas e os reservatórios iniciaram janeiro em situação melhor que do ano passado.
Por enquanto, dadas as previsões de chuva no curto prazo, Vlavianos vê o PLD médio de 2014 entre 200 e 300 reais por MWh. "Mas pode ser que daqui a uns meses isso mude", pondera.
O presidente da comercializadora Trade Energy, Walfrido Ávila, acredita que o PLD neste ano deva ter comportamento similar ao do ano passado, apenas um pouco abaixo, com uma tendência média de custo marginal de operação do sistema (CMO) de 250 reais por MWh. Ele não acredita que mais térmicas sejam acionadas no curto prazo. "As térmicas que faltam ser ligadas agora são muito caras. A tendência agora é, enquanto não houver recuperação, ficar nesse patamar".
O acionamento de térmicas atualmente é automatizado, com incorporação dos mecanismos de aversão ao risco usados na operação do sistema aos programas computacionais, mudança feita em 2013. Assim, o acionamento de térmicas preventivo é dado pelos próprios programas de operação do setor elétrico, numa medida para dar segurança extra para o sistema.
Assim, Vlavianos da Comerc considera que uma decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) por acionamento de térmicas pode dar um sinal de alerta. "Se despachar fora da ordem de mérito, significa que não estão acreditando no que o governo está fazendo", avalia.
O presidente da Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Carlos Ribeiro, lembra que a geração térmica elevada em pleno período úmido não é algo corriqueiro. "Mas a situação em geral não é periclitante, mesmo porque estamos no início da estação chuvosa. Pode ser que venham chuvas intensas e esse problema se reverta de uma hora pra outra", disse o executivo que já trabalhou como diretor do ONS.
O diretor comercial da Bolt Comercializadora, Rodolfo Salazar, vê o preço médio de energia de curto prazo entre 190 e 220 reais por MWh em 2014, embora considere que a cifra possa mudar, dado que estamos no início do período úmido.
"O preço médio de fevereiro deve ficar mais baixo que o de janeiro. Fevereiro é o mês que mais chove historicamente e tem uma responsabilidade muito grande".