Economia

Será que a inflação é uma ameaça?

O governo aumentou a meta inflacionária de 2002 de 5,5% para 6,7%, e os relatórios mais recentes divulgados pelos bancos brasileiros mostram uma consistente preocupação com a alta da inflação em 2003. A projeção média de inflação no varejo do Banco Central para 2003 subiu de 2,6% em junho para 4,5% em setembro. Será que […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h21.

O governo aumentou a meta inflacionária de 2002 de 5,5% para 6,7%, e os relatórios mais recentes divulgados pelos bancos brasileiros mostram uma consistente preocupação com a alta da inflação em 2003. A projeção média de inflação no varejo do Banco Central para 2003 subiu de 2,6% em junho para 4,5% em setembro. Será que a volta da inflação é uma ameaça real para a economia brasileira, acostumada a oito anos de preços estáveis? Há risco de um surto de hiperinflação?

A resposta para a primeira pergunta é: sim, a inflação deve aumentar. As justificativas dos bancos são simples: um eventual governo Lula seria menos rígido do que o atual governo com o cumprimento das metas monetárias e da política fiscal. Além disso, os bancos temem que uma administração do PT tente reduzir agressivamente os juros.

Na avaliação dos economistas das instituições financeiras, uma queda muito abrupta dos juros poderia tornar mais difícil a rolagem da dívida pública. O resultado seria um fenômeno conhecido como "monetização da dívida": incapaz de rolar, o governo teria de pagar suas dívidas. Para isso, imprimiria dinheiro e aumentaria a inflação por meio da expansão monetária.

Por isso, o mercado acredita que os preços deverão subir significativamente no ano que vem. Num relatório divulgado nesta quarta-feira, o banco alemão West LB informou seus clientes que a inflação de varejo deve ser de 6,8% este ano e de 11% no ano que vem, muito acima das metas de inflação previstas para o Banco Central.

"A alta do dólar deverá pressionar bastante os preços", diz Nicola Tingas, economista-chefe do West LB no Brasil. O que nos leva à segunda questão: há risco de hiperinflação? Aí, a resposta parece ser não. Mesmo com o aumento dos preços acima do esperado, Tingas descarta a hipótese: "Os preços podem subir mais depressa, mas não devem explodir".

Para o economista, há dois argumentos em favor dessa idéia. O primeiro é puramente econômico. A economia brasileira está desaquecida e não deverá apresentar sinais de grande crescimento no ano que vem. Portanto, haveria menos espaço para as empresas repassarem os aumentos de preço ao consumidor. "A inflação será como uma explosão em águas profundas", diz o economista Paulo Guedes, colunista de EXAME. "Quem está na superfície vai sentir apenas uma leve oscilação, não todo o impacto."

Para Tingas, do West LB, é que o Brasil também deverá exportar mais em 2003. Por suas contas, o superávit comercial subiria de 9 bilhões de dólares este ano para quase 12 bilhões no ano que vem, o que reduziria a pressão sobre o dólar e a conseqüente elevação da inflação.

O segundo argumento contra a explosão dos preços é político. Tingas avalia que a sociedade brasileira, assim como ocorre em outros países da América Latina, considera a estabilidade de preços uma conquista social que deve ser mantida. "Uma volta da hiperinflação seria social e políticamente inaceitável", diz ele. "O governante que fosse complacente com ela seria fragorosamente derrotado nas urnas pouco tempo depois".

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