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Seade e Dieese superam crise e desemprego é divulgado: 1,959 milhão na Grande SP

Com muito atraso, foi finalmente divulgada nesta segunda-feira (30/6) a pesquisa do Seade/Dieese sobre o desemprego na Grande São Paulo do mês de maio. O resultado não é tão desastroso quanto o esperado e não tão forte, a ponto de causar o racha entre as entidades. Depois de uma disputa metodológica, o economista José Eli […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h53.

Com muito atraso, foi finalmente divulgada nesta segunda-feira (30/6) a pesquisa do Seade/Dieese sobre o desemprego na Grande São Paulo do mês de maio. O resultado não é tão desastroso quanto o esperado e não tão forte, a ponto de causar o racha entre as entidades. Depois de uma disputa metodológica, o economista José Eli da Veiga, que ocupou por pouco mais de três meses o cargo de diretor-executivo da Fundação Seade, pediu demissão na quinta-feira (26/6) passada, quando o governador Geraldo Alckmin resolveu manter a metodologia da pesquisa.

Segundo a pesquisa divulgada nesta segunda-feira (30/6), as taxas de desemprego permaneceram relativamente estáveis: a de desemprego aberto passou de 13,6% para 13,4% da População Economicamente Ativa (PEA), a de desemprego oculto pelo trabalho precário variou de 5,0% para 5,2%, e a de desemprego pelo desalento, de 2,0% para 1,9%. Em números absolutos, estes contingentes correspondem a, respectivamente, 1.274.000, 499.000 e 186.000 pessoas, chegando a quase 2 milhões de desempregados.

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A pesquisa feita em conjunto há 18 anos entre as entidades foi ameaçada de não ser divulgada neste mês. O economista José Eli da Veiga divulgou uma carta aberta questionando os critérios estatísticos. Chamou os altos índices de desemprego de "difamação bem orquestrada" e recomendou que não fossem somadas as três taxas de desemprego: aberto, oculto pelo trabalho precário e desemprego pelo desalento. Procurado pelo Portal EXAME, o economista, também professor da USP, não quis informar sua posição sobre a crise na medição do desemprego. "Somados ou não, os vários tipos de desemprego ou de sub-emprego não podem ser ignorados em uma região como a metropolitana de São Paulo. As várias taxas servem para orientar a política pública para a geração de empregos", afirma Solange Sanches, coordenadora da pesquisa no Dieese.

Segundo Solange, a falta de uma rede de proteção de social de longo prazo, as drásticas oscilações econômicas e a população de baixíssima renda exigem medições mais profundas para que se saiba exatemente quantos empregos precisam ser criados. "É quase uma questão semântica entre bicos e subemprego", diz. Para ela, ignorar a existência de pessoas que trabalham com qualquer coisa porque é o que aparece ou os que não encontram emprego há mais de 12 meses, mas ainda não desistiram, é quase como "rebaixar a condição da sociedade ou acreditar que as pessoas realmente querem ficar no subemprego".

As manifestações de Eli da Veiga causaram reação até na França, onde reside a pesquisadora brasileira Helena Hirata, socióloga do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS). "A legitimidade de tal tipo de indicador é indubitável aos olhos da comunidade dos estatísticos, porque permitem aprender a realidade complexa dos mercados de trabalho de países como o Brasil", afirmou a pesquisadora em artigo que comentava a polêmica criada por Eli da Veiga no início do mês. Segundo ela, poucos países publicam um índice tão abrangente quanto a Fundação Seade/Dieese. "A OIT (Organização Mundial do Trabalho) não só admite, como inclusive recomenda, que os países adotem indicadores de desemprego específicos, que permitam aprender as realidades nacionais, sobretudo onde o mercado de trabalho é pouco institucionalizado e a informalidade é ampla", afirma ela. E quanto a somar ou não somar os vários tipos de desemprego? A socióloga Helena Hirata arrisca um palpite: "Se o governo brasileiro quiser medir de maneira confiável a insatisfação social face à questão do desemprego, ele deveria observar, ao mesmo tempo, a curva do desemprego aberto e a do desemprego total. Se for o caso de manter uma curva única, que ele conserve a segunda".

Correto estatísticamente ou não, político ou não, o fato é que o desemprego anunciado pelo convênio Seade/Dieese segue o mesmo ritmo (de alta) da pesquisa do IBGE, que segue estritamente a metodologia da OIT: o resultado do instituto em abril foi 0,9 ponto percentual maior, somando 12,8% no total em maio. É o quinto mês seguido de alta do índice.

A pesquisa de maio

No mês de maio, foram geradas 66.000 novas ocupações, número insuficiente para incorporar as 84.000 pessoas que ingressaram na PEA, elevando o contingente de desempregados em 18.000 pessoas. Como o aumento relativo em relação a abril nos três segmentos analisados foi praticamente igual (0,9%), a taxa de desemprego total permaneceu inalterada em 20,6%.

O pequeno aumento (0,9%) do nível de ocupação distribui-se da seguinte forma: 43.000 pessoas na Indústria e 18.000 no Comércio. Nos dois setores predominou a expansão de trabalhadores autônomos e de assalariados sem carteira de trabalho assinada. Em abril, o rendimento médio cresceu 2,2%, para os ocupados, e 1,3%, para os assalariados. Passou a equivaler a R$ 889 e R$ 949, respectivamente.

Nos últimos doze meses, registrou-se ampliação do contingente de desempregados na região metropolitana em 104.000 pessoas, em decorrência da relativa estabilidade do número de ocupações (menos 10.000 postos) e do ingresso de 94.000 pessoas no mercado de trabalho.

Em relação a maio de 2002, houve expansão de 4,6% na taxa de desemprego total em todos os segmentos populacionais, exceto para crianças de 10 a 14 anos (-13,3%). Destaca-se o crescimento da taxa para pessoas de 25 a 39 anos (10,5%), de 40 anos e mais (7,3%) e para mulheres (5,2%). Entre os chefes de domicílio, segmento com elevada responsabilidade para a sobrevivência familiar, o aumento foi de 4,2%.

Entre março e abril de 2003, a taxa de desemprego total de todas as regiões onde se realiza a pesquisa cresceu. Destacam-se os aumentos nas regiões metropolitanas de Porto Alegre (6,5%) e Recife (5,4%). Em relação a abril do ano anterior, a taxa de desemprego total encontra-se mais elevada em todas as regiões metropolitanas, com crescimentos mais intensos nas de Recife (7,8%) e Belo Horizonte (6,9%).

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