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Ricos e BRICS perdem bilhões com desastres — por despreparo

Prejuízos acumulados na última década somam US$ 1,5 trilhão, segundo levantamento da OCDE, que alerta para urgência dos países tornarem-se mais resilientes

OCDE: fracasso de um país em gerir risco pode ter um sério impacto sobre outros países (Paula Bronstein/Getty Images)

Vanessa Barbosa

Publicado em 5 de maio de 2014 às 18h03.

São Paulo – Os países ricos e emergentes acumulam nada menos do que US$ 1,5 trilhão em perdas econômicas e danos provocados por desastres naturais na última década, segundo um novo relatório da OCDE .

Sem uma ação imediata, estes custos podem subir ainda mais devido às mudanças climáticas .

Para reduzir as perdas no futuro, diz o estudo, os países precisam investir em resiliência e aumentar sua capacidade de resistir a choques e estresses.

O relatório destaca que o aumento das concentrações de pessoas e de bens em áreas de risco e o estreitamento dos laços econômicos entre os países fazem os efeitos das catástrofes se espalharem mais rapidamente pelo mundo.

"Maior eficiência na gestão de risco para melhorar nossa capacidade de resistência a choques é a única maneira de reduzir o impacto nas sociedades e economias", disse Rolf Alter, diretor de Governança Pública da OCDE, durante o lançamento do relatório, nesta segunda.

http://cf.datawrapper.de/T1bPh/3/

Entre os pontos fracos dos governos, o relatório destaca a incapacidade de proteger a infraestrutura das cidades, o fracasso das reformas e regulamentação de novos padrões de risco e as deficiências na infraestrutura de serviços essenciais, como energia e saneamento.

O estudo também ressalta que o fracasso de um país em gerir adequadamente um risco significativo pode ter um sério impacto sobre outros países.

"Além da trágica perda de vidas, o terremoto seguido de tsunami e de um desastre nuclear no Japão, em 2011, contribuiu para uma contração econômica de 0,7% naquele ano por causa da interrupção das cadeias de suprimentos industriais", diz um trecho.

Vulnerabilidade no Brasil

Estudo recente do IBGE mostra que quase metade (48%) dos municípios brasileiros não possuem instrumentos de prevenção e gestão de riscos de fenômenos como enchentes e delizamentos de terra.

Ocupação irregular de encostas, margens de rios e desmatamentos, por exemplo, elevam o grau de vulnerabilidade das cidades e sua população.

São Paulo – Quais são as cidades mais arriscadas do mundo quando se trata de desastres naturais ? A empresa suíça de resseguros Swiss Re resolveu avaliar 616 cidades ao redor do mundo para o risco de terremotos, furacões e ciclones, ressacas, inundações fluviais e tsunami. De acordo com a análise, medidas físicas de prevenção sozinhas não são suficientes para tornar uma cidade mais resiliente. Quando o Furacão Sandy atingiu Nova York na noite de uma segunda-feira em outubro de 2012, ficou claro como suscetíveis as sociedades modernas e suas áreas metropolitanas são às catástrofes naturais. Uma parte importante da resiliência, diz a Swiss Re, vem do quão bem as cidades são capazes de lidar com as consequências financeiras de um desastre, o que inclui o acesso ao financiamento necessário para o alívio, recuperação e reconstrução. Pela primeira vez na história da humanidade, mais pessoas vivem nas cidades do que em áreas rurais. Segundo a ONU, 6.3 bilhões viverão em áreas urbanas até 2050, com o maior incremento em regiões emergentes. Muitas dessas regiões, contudo, são costeiras, e por isso, estão expostas à enchentes, tempestades, tsunamis e outros desastres naturais. Veja a seguir os 10 lugares mais ameaçados pela fúria da natureza.
  • 2. 1 - Tóquio-Yokohama, Japão

    2 /12(Adam Pretty/Staff)

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    57.1 milhões de pessoas potencialmente afetadas Terremotos, monções, enchentes e tsunami...A lista de ameaças à região metropolitana de Tóquio-Yokohama é extensa, o que rende ao lugar o título de mais ameaçado do mundo pela fúria da natureza. Para completar, o Japão também é o país mais exposto ao risco de tremores, em terra e mar, por sua localização ao longo do Anel de Fogo, as falhas ativas do Pacífico. O terremoto mais mortífero a atingir o país, que ficou conhecido como o grande tremor de Kanto, em 1923, devastou tanto Tóquio quanto Yokohama, matando mais de 140 mil pessoas.
  • 3. 2 - Manila, Filipinas

    3 /12(AFP)

  • 34.6 milhões de pessoas potencialmente afetadas A capital das Filipinas é uma das cidades mais atormentadas por enchentes do mundo. Mas as maiores ameaças são os terremotos e tempestades com ventos em alta velocidade. No ano passado, o poderoso tufão Haiyan varreu o país, destruindo várias ilhas centrais e arruinando a cidade costeira de Tacloban. Manila escapou, mas continua na linha de frente desses eventos.
  • 4. 3 - Delta do Rio Pérola, China

    4 /12(China Photos/Stringer)

    34.5 milhões de pessoas potencialmente afetadas O Delta do Rio Peróla, na China, é um aglomerado urbano que inclui Hong Kong, Shenzhen, Dongguan, Macau e Ghangzhou. Lar de mais de 42 milhões de pessoas, a região é a número um no país em risco de sofrer com tempestade, a terceira mais vulnerável à ventos furiosos de ciclones, e a quinta mais propensa a inundações.
  • 5. 4 - Osaka-Kobe, Japão

    5 /12(Wikimedia Commons)

    32.1 milhões de pessoas potencialmente afetadas A região metropolitana de Osaka-Kobe, no Japão, é o lar de 14,6 milhões de pessoas, que vivem sob a ameaça constante de terremotos. Em 1995, um grande tremor devastou a área, matando mais de 6 mil pessoas e causando US$ 100 bilhões em danos materiais. A região também sofre com tempestades brutais e o risco de inundações fluviais.
  • 6. 5 - Jacarta, Indonésia

    6 /12(Adek Berry/AFP)

    27.7 milhões de pessoas potencialmente afetadas O perigo é residente permanente de Jacarta. Praticamente 40% da cidade está baixo do nível do mar, sobre uma bacia plana de solo macio perto de uma falha tectônica. É uma combinação para o desastre. Esse tipo de solo permeável pode aumentar a intensidade de um terremoto e ainda corre o risco de se desfazer.
  • 7. 6 - Nagoya, Japão

    7 /12(Jiji Press/AFP)

    22.9 milhões de pessoas potencialmente afetadas Nagoya é mais uma cidade japonesa na mira dos desastres naturais. Isso de deve ao fato de estar localizada, como muitas das principais cidades do país, ao longo do Anel de Fogo, uma série contínua de linhas de falhas ativas que respondem por 90% dos terremotos do mundo.
  • 8. 7 - Calcutá, Índia

    8 /12(Wikimedia Commons / Kolkatan)

    17.9 milhões de pessoas potencialmente afetadas Inundações e cheias afetam, com frequência, a cidade indiana de Calcutá, que está localizada no delta do rio Ganges. O sistema de drenagem local tem mais de 140 anos de idade e cobre menos de metade da cidade. Ciclones, tsunamis e tempestades também atormenta a cidade, que é mal preparada para lidar com desastre natural.
  • 9. 8 - Xangai, China

    9 /12(REUTERS/Aly Song)

    16.7 milhões de pessoas potencialmente afetadas Cidade mais populosa da China, Xangai está localizada no delta do rio Yangtzé, tornando-se vulnerável a graves inundações provocadas por tempestades e tufões.
  • 10. 9 - Los Angeles, Estados Unidos

    10 /12(Nserrano/Wikimedia Commons)

    16.4 milhões de pessoas potencialmente afetadas A localização de Los Angeles, sobre a falha de San Andreas, faz da cidade americana uma das mais sujeitas a terremotos no mundo. O mais recente, um tremor de 5,1 graus na escala ocorreu, em março, na noite de sexta-feira (29), no sudeste da cidade. Segundo previsões de sismólogos, há 98% de chances que o "Big One", um terremoto de magnitude de 7,8 ou superior com origem na falha de San Andrés, afete o sul da Califórnia nos próximos 30 anos.
  • 11. 10 - Teerã, Irã

    11 /12(Wikimedia Commons)

    15.6 milhões de pessoas potencialmente afetadas Além das falhas de San Andreas ou do Anel de Fogo do Pacífico, outra zona perigosa pelos riscos de terremotos é a falha da Anatólia do Norte. Toda a população do Teerã está exposta, assim como os moradores de Bucareste, Tashkent, capital do Uzbequistão, e grande parte da Turquia.
  • 12. Uma janela para o futuro

    12 /12(Getty Images)

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