Ricos dos EUA acumulam US$ 121 bi em contas com isenção fiscal
Reforma tributária no país provocou uma corrida aos fundos assessorados por doadores (DAFs, na sigla em inglês)
João Pedro Caleiro
Publicado em 16 de novembro de 2019 às 08h00.
Última atualização em 16 de novembro de 2019 às 09h00.
É melhor dar do que receber, diz o ditado. Mas doar, receber uma dedução do imposto de renda imediata e depois distribuir dólares caridosos como quiser é ainda melhor, a julgar por um novo relatório.
Em 2018, mais de US$ 37 bilhões foram destinados a fundos assessorados por doadores (DAFs, na sigla em inglês) com isenção de impostos, de acordo com o 13º relatório anual do National Philanthropic Trust. O volume representa um ganho de 20,1% em relação a 2017 e significa uma quantia recorde de US$ 121,4 bilhões em contas DAF.
Enquanto isso, a parcela dessas contas paga às instituições de caridade caiu para 20,9% em 2018 em relação aos 22,8% em 2017. É a primeira vez em cinco anos em que a taxa de crescimento das alocações ultrapassa o ritmo de doações.
Os DAFs são contas individuais patrocinadas por instituições de caridade, como a NPT, unidades de empresas financeiras como Fidelity Investments, bem como organizações de caridade de causa única e fundações comunitárias.
Doações de ações listadas ou privadas, imóveis e até moedas digitais podem ser transferidas a um patrocinador DAF, que passa a controlar os ativos.
A reforma tributária nos Estados Unidos provocou uma corrida aos DAFs, e contribuintes juntaram vários anos de doações planejadas em um ano fiscal para exceder o valor da dedução padrão, disse Eileen Heisman, presidente da NPT, que administra US$ 8,1 bilhões em contas DAF.
“Entre a reforma tributária e os mercados em alta, o crescimento do DAF foi muito robusto”, disse.
O número de contas atingiu um recorde, aumentando 55% em 2018 para 728.563, depois do salto de 60% em 2017, em grande parte porque mais empregadores ofereceram acesso às contas DAF por meio de deduções na folha de pagamento.