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Respeito à meta de inflação justificará provável aumento da Selic

Mesmo o descumprimento do teto da meta não é razão para uma mudança no sistema adotado em 1999, afirma economista

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h25.

A perspectiva de descumprimento da meta de inflação está cada vez mais forte, e a solução para que o sistema não seja desmoralizado deve ser o aumento dos juros. A avaliação do economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, não desconsidera a oposição que uma nova alta da Selic provocaria. Para Rosa, entretanto, pior seria o abandono ou uma alteração do sistema de metas adotado em 1999, alvo da fúria dos que atribuem ao Comitê de Política Monetária (Copom) uma persistente sabotagem do crescimento econômico. "O governo passaria recibo de que não tem condições políticas para aumentar os juros quando necessário."

Na avaliação de Rosa, não há risco de que o teto de 8% seja rompido. "A inflação vai ficar próxima do teto. Já existe uma estabilidade de preços, só que pelo alto, com núcleos entre 6% e 7%, muito perto do limite." Segundo o Relatório de Mercado do Banco Central (BC) divulgado nesta segunda-feira (13/9), a expectativa dos analistas quanto ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2004 é de 7,37%. O sistema adotado pelo BC em 1999, com o IPCA como baliza, perseguia para este ano 5,5% de inflação, com tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Ou seja, o desafio para o BC, agora, resume-se a fazer de tudo para que a inflação em 2004 não consiga superar o pior cenário que projetou.

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Em fórum promovido pela Fundação Getulio Vargas, nesta segunda-feira, com a participação da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Central Única dos Trabalhadores e Força Sindical, ficou clara a oposição que o Copom terá de enfrentar se decidir em elevar a taxa Selic na quarta-feira. Entre outras manifestações, Ivoncy Ioschpe, presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Econômico (Iedi), afirmou ser inaceitável que os esforços pelo crescimento da economia sejam "jogados na lata do lixo".

Indulgência

Para Fabio Giambiagi, economista do Instituto de Pesquisa Econômicas Aplicadas (Ipea), o sistema de metas brasileiro, quando comparado com o desempenho de países mais institucionalmente avançados, como Nova Zelândia, tem um histórico insatisfatório. "Mas passou com êxito pelas circunstâncias brasileiras, e levando em conta o que poderia ter acontecido sem o sistema, é preciso ser mais indulgente com os resultados." Em 1999 e 2000, a inflação ficou dentro da meta; em 2001 e 2002, escapou do teto, e em 2003, a meta foi alterada.

Para a equipe de economistas do banco Bradesco, o segundo semestre de 2004 já testemunha uma forte pressão de custos em insumos como aço, plásticos, celulose e madeira - pressão que ainda não foi incoporada aos preços do varejo. Com o aquecimento da economia, os aumentos reais de salários que os dissídios vêm indicando e a proximidade do Natal, deve-se criar um cenário propício para os repasses em bens duráveis como automóveis, linha branca (como geladeiras e máquinas de lavar) e aparelhos de imagem, som e informática.

Diante destas pressões, Rosa, da Sul América, estima um aperto monetário gradual, com 0,25 ponto percentual de elevação da Selic nesta quarta-feira (15/9) seguida de outras três, da mesma magnitude, até atingir 17% em março de 2005.

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