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Relatório de emprego sinaliza mudança na política do Fed

Os números mostraram a criação de 195 mil vagas em junho e surpreenderam Wall Street, que esperava algo em torno de 160 mil postos

"Após os dados de hoje, mudanças na política de relaxamento quantitativo do Fed parecem muito prováveis de começar nos próximos meses, talvez em setembro", afirma economista (Karen Bleier/AFP)
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Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2013 às 13h05.

Nova York - O relatório de emprego divulgado nesta sexta-feira, 05, pelo Departamento de Trabalho sugere que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) deve mesmo começar a reduzir o volume mensal de compras de ativos para estimular a economia, provavelmente em setembro, de acordo com a leitura inicial do relatório de economistas consultados pelo Broadcast.

Os números mostraram a criação de 195 mil vagas em junho e surpreenderam Wall Street, que esperava algo em torno de 160 mil postos.

"Após os dados de hoje, mudanças na política de relaxamento quantitativo do Fed parecem muito prováveis de começar nos próximos meses, talvez em setembro", afirma o economista-chefe do instituto Markit, Chris Williamson. Ele destaca que ficou surpreso com alguns números divulgados esta manhã, mas que nem tudo veio positivo.

"A taxa de desemprego ainda teima em não cair", destaca. O indicador permaneceu em 7,6% em junho, ante expectativa do mercado de que recuasse para 7,5%.

O economista-chefe do banco canadense RBC Capital Markets, Tom Porcelli, tem avaliação semelhante. "O relatório de hoje praticamente assegura que vai haver mudanças na política do Fed. Esperamos anúncio de redução nas compras de ativos na reunião de política monetária de outubro, mas não descartamos a possibilidade de mudanças serem anunciadas em reunião anterior", afirma.

Porcelli destaca que a revisão para cima de dados anteriores anunciada hoje - que elevou a criação de emprego em maio de 175 mil postos para 195 mil e em abril de 149 mil para 199 mil - aumentou a média do ano para cerca de 200 mil, mostrando um mercado de emprego forte.

"Os números de emprego vieram fortes o suficiente para manter o Fed na trilha para reduzir as compras de ativos em setembro", avalia o economista da consultoria High Frequency Economics, Jim O'Sullivan em uma nota a clientes.


Mas se a previsão é de redução do ritmo mensal de compras, que provavelmente deve ser da ordem de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões a partir de setembro, o fato de a taxa de desemprego mostrar resistência à queda sinaliza que o Fed pode demorar um pouco mais para interromper de vez as compras.

Em junho, o presidente do banco central, Ben Bernanke, destacou que a taxa de desemprego deve estar próxima de 7% quando as aquisições de ativos chegarem ao fim.

Além da criação de emprego em ritmo mais forte, os economistas chamam atenção para o crescimento dos salários registrados em junho. Com isso, a renda das famílias sobe, com impacto direto nos níveis de consumo, que representa um terço do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos.

Porcelli ressalta que houve expansão de 0,6% em junho ante maio na massa salarial, o maior nível desde fevereiro. "Esse aumento, em conjunto com a melhora dos índices de confiança do consumidor, sinaliza que o consumo será bom no segundo semestre", destaca o economista, que prevê que o PIB do país vai voltar a crescer na casa dos 2% a 2,5% no período.

Para a diretora de Análise Macroeconômica do The Conference Board, Kathy Bostjancic, os dados do Departamento de Trabalho sinalizam que o impacto na economia dos cortes automáticos de gastos públicos vem sendo menor que o esperado. Ela também prevê mudanças na política monetária.

"O forte avanço na criação de emprego em junho deve dar apoio à decisão do Fed de reduzir o ritmo de compras em breve", destaca em e-mail a clientes, sem arriscar prever em que mês pode ocorrer este movimento.

Os dados de junho mostraram que o setor privado criou 202 mil vagas, enquanto o setor público cortou 7 mil postos. O setor manufatureiro continua reduzindo postos, cortando 6 mil vagas, enquanto construção civil e serviços são destaques: restaurantes e hotéis criaram 75 mil empregos e o varejo, 37 mil.

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Nova York - O relatório de emprego divulgado nesta sexta-feira, 05, pelo Departamento de Trabalho sugere que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) deve mesmo começar a reduzir o volume mensal de compras de ativos para estimular a economia, provavelmente em setembro, de acordo com a leitura inicial do relatório de economistas consultados pelo Broadcast.

Os números mostraram a criação de 195 mil vagas em junho e surpreenderam Wall Street, que esperava algo em torno de 160 mil postos.

"Após os dados de hoje, mudanças na política de relaxamento quantitativo do Fed parecem muito prováveis de começar nos próximos meses, talvez em setembro", afirma o economista-chefe do instituto Markit, Chris Williamson. Ele destaca que ficou surpreso com alguns números divulgados esta manhã, mas que nem tudo veio positivo.

"A taxa de desemprego ainda teima em não cair", destaca. O indicador permaneceu em 7,6% em junho, ante expectativa do mercado de que recuasse para 7,5%.

O economista-chefe do banco canadense RBC Capital Markets, Tom Porcelli, tem avaliação semelhante. "O relatório de hoje praticamente assegura que vai haver mudanças na política do Fed. Esperamos anúncio de redução nas compras de ativos na reunião de política monetária de outubro, mas não descartamos a possibilidade de mudanças serem anunciadas em reunião anterior", afirma.

Porcelli destaca que a revisão para cima de dados anteriores anunciada hoje - que elevou a criação de emprego em maio de 175 mil postos para 195 mil e em abril de 149 mil para 199 mil - aumentou a média do ano para cerca de 200 mil, mostrando um mercado de emprego forte.

"Os números de emprego vieram fortes o suficiente para manter o Fed na trilha para reduzir as compras de ativos em setembro", avalia o economista da consultoria High Frequency Economics, Jim O'Sullivan em uma nota a clientes.


Mas se a previsão é de redução do ritmo mensal de compras, que provavelmente deve ser da ordem de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões a partir de setembro, o fato de a taxa de desemprego mostrar resistência à queda sinaliza que o Fed pode demorar um pouco mais para interromper de vez as compras.

Em junho, o presidente do banco central, Ben Bernanke, destacou que a taxa de desemprego deve estar próxima de 7% quando as aquisições de ativos chegarem ao fim.

Além da criação de emprego em ritmo mais forte, os economistas chamam atenção para o crescimento dos salários registrados em junho. Com isso, a renda das famílias sobe, com impacto direto nos níveis de consumo, que representa um terço do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos.

Porcelli ressalta que houve expansão de 0,6% em junho ante maio na massa salarial, o maior nível desde fevereiro. "Esse aumento, em conjunto com a melhora dos índices de confiança do consumidor, sinaliza que o consumo será bom no segundo semestre", destaca o economista, que prevê que o PIB do país vai voltar a crescer na casa dos 2% a 2,5% no período.

Para a diretora de Análise Macroeconômica do The Conference Board, Kathy Bostjancic, os dados do Departamento de Trabalho sinalizam que o impacto na economia dos cortes automáticos de gastos públicos vem sendo menor que o esperado. Ela também prevê mudanças na política monetária.

"O forte avanço na criação de emprego em junho deve dar apoio à decisão do Fed de reduzir o ritmo de compras em breve", destaca em e-mail a clientes, sem arriscar prever em que mês pode ocorrer este movimento.

Os dados de junho mostraram que o setor privado criou 202 mil vagas, enquanto o setor público cortou 7 mil postos. O setor manufatureiro continua reduzindo postos, cortando 6 mil vagas, enquanto construção civil e serviços são destaques: restaurantes e hotéis criaram 75 mil empregos e o varejo, 37 mil.

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