Recessão em 2022 e inflação em 10%: como as projeções do Brasil pioraram
A deterioração do cenário de juros e inflação tem feito os bancos e casas de análise reduzirem as projeções de crescimento para 2022
Carolina Riveira
Publicado em 26 de outubro de 2021 às 17h02.
Última atualização em 26 de outubro de 2021 às 18h43.
Um dia após o banco Itaú passar a apostar que o Brasil terá recessão em 2022, outra má notícia para as projeções econômicas veio nesta terça-feira, 26. A prévia da inflação no IPCA-15, medido pelo IBGE até meados de outubro, ficou em 1,20%.
Este é o pior resultado do IPCA-15 para outubro desde 1995, um ano depois do lançamento do Plano Real. No acumulado de 12 meses, o índice chega a alta de 10,34%. Em setembro, o IPCA-15 também já havia chegado ao pior resultado desde 1994.
O Brasil tem vivido uma piora intensa nas expectativas desde o começo do ano, mesmo com o avanço da vacinação.
O IPCA, por exemplo, começou janeiro com previsão de alta na casa dos 3%, dentro da meta do Banco Central, cujo teto é de 5,25%.
Mas desde então, foram mais de 20 revisões da inflação para cima no Focus.A alta nos preços tem sido puxada por frentes como os alimentos, combustíveis e, mais recentemente, a energia elétrica.
Este cenário tem levado o Banco Central a promover sucessivos aumentos da taxa de juros, para tentar conter o avanço dos preços.
A mediana dos analistas ouvidos no boletim Focus já aponta cenário 9% para a Selic no fim do ano - e até em 11% em algumas projeções.
Novos aumentos do Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, já são dados como certos. No momento, a taxa Selic está em 6,25%, após ter começado o ano em 2,25%, mínima histórica.
Na reunião desta semana do Copom, que termina na quarta-feira, 27, o mercado espera que o comitê suba os juros e novamente e que a Selic chegue a 7,25% ou até 7,75%.
A deterioração do cenário, com juros e inflação alta - além de problemas como o real desvalorizado, o risco político e fiscal e o desemprego - tem feito os bancos e casas de análise reduzirem as projeções de crescimento para 2022.
"Taxas de juros mais altas levarão a uma atividade econômica mais fraca, e agora vemos recuo moderado de 0,5% do PIB em 2022", escreveram os analistas do Itaú em relatório que chamou atenção na segunda-feira, 25, por ser o primeiro grande banco a revisar a projeção para um cenário de recessão.
Após a queda de 4,1% no PIB brasileiro em 2020 e crescimento em 2021 que pode ficar abaixo de 5%, a recuperação econômica pós-covid-19 tende a ser muito pior do que o previsto.
A expectativa de muitos analistas é que o cenário não melhore antes das eleições do ano que vem, que adicionam boa carga de risco e influenciam em fatores como o câmbio.