Economia

Rating do Brasil só sobe com marco regulatório, diz Standard & Poor;s

Um país menos vulnerável a curto prazo, mas ainda enfrentando grandes incertezas decorrentes de condições adversas de negócios. É o que significa a nota BB na escala de ratings de crédito da Standard & Poor's. É por ela que o Brasil suspira, mas o país só irá alcançá-la com a definição do marco regulatório do […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h01.

Um país menos vulnerável a curto prazo, mas ainda enfrentando grandes incertezas decorrentes de condições adversas de negócios. É o que significa a nota BB na escala de ratings de crédito da Standard & Poor's. É por ela que o Brasil suspira, mas o país só irá alcançá-la com a definição do marco regulatório do setor energético, diz Regina Nunes, diretora da agência no país. Ela afirma que, ao ser concedido em 29 de abril, o atual B+ (um degrau abaixo da nota BB) brasileiro já embutia a aprovação das reformas previdenciária e tributária. A diretora participou junto com outros especialistas - de evento que debateu o risco-país nesta terça-feira (2.12), na Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo.

O Brasil, por enquanto, deve conformar-se com a classificação de país "mais vulnerável", que tem atualmente capacidade para honrar os compromissos. Pelos critérios da agência, uma mudança nos próximos dois ou três anos é pouco provável, já que o B+ brasileiro vem complementado pelo comentário "perspectiva estável". O "+" quer dizer que, pelo menos no interior da classe de B's, o Brasil está bem.

Para o Brasil ser certificado como lugar seguro para investimentos, porém, nem mesmo o BB serve. Os investidores convencionaram chamar de "grau de investimento" (ou investment grade, em inglês) o leque abrangendo as notas BBB (situação do México), A (Chile), AA, e o topo da escala AAA. "Só com investment grade o Brasil terá acesso a fundos estrangeiros trilionários, que por força de seu regulamento interno são proibidos de injetar recursos em títulos de países vulneráveis", afirma Luiz Chrysostomo, diretor do JP Morgan.

O risco-país é derivado de um dos índices do JP Morgan, o EMBI+, que engloba 19 países emergentes e representa 180 bilhões de dólares em valor de mercado de uma cesta de títulos. "Não há opinião ou juízo de valor no EMBI. É o mesmo que índice de inflação", diz Chrysostomo. Para ele, uma das variáveis que travam a melhora do índice brasileiro é a taxa de investimento no Brasil, "ridiculamente baixa".

Ainda assim, o executivo acredita que a queda recente do risco Brasil é o processo mais agudo de melhoria de percepção desde que o EMBI+ foi criado, em dezembro de 1983, graças a uma consistência de agenda por parte do governo.

Longo caminho

Para Luiz Candiota, diretor de Política Monetária do Banco Central, apesar de um longo caminho a percorrer, o Brasil encerra 2003 com agenda cumprida. Entre as principais medidas, ele destacou o alongamento do prazo médio da dívida para 35 meses e a troca de indexadores, reduzindo a parcela atrelada ao dólar e Selic e aumentando a pré-fixada em moeda local e inflação de longo prazo. "A relação dívida/PIB, nosso principal gargalo, deve chegar a menos de 40% no final da década", afirma Candiota.

O desafio agora, diz ele, é superar o modelo de soluços de crescimento, com investimentos em infra-estrutura via parcerias público-privadas, e incrementar tanto exportações quanto importações. "México, Chile e Rússia têm o dobro do fluxo de comércio externo."

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