Rabello: BNDES adotará critérios rigorosos de análise de crédito
O novo presidente do banco defendeu a priorização da retomada dos investimentos industriais, já que o setor agrícola tem demonstrado bom desempenho
Estadão Conteúdo
Publicado em 1 de junho de 2017 às 19h33.
O novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ( BNDES ), Paulo Rabello de Castro, destacou nesta quinta-feira, 1, que tem sido classificado como "o sortudo" que disporá da folga de caixa que o banco tem hoje.
Segundo ele, essa liquidez pode passar dos R$ 150 bilhões.
Rabello de Castro observou, no entanto, que a instituição adotará critérios "rigorosíssimos" de análise de crédito.
A antecessora de Rabello de Castro, Maria Silvia Bastos Marques, vinha sendo criticada por ter "sentado na liquidez" do banco e travado o crédito.
O fogo amigo partia inclusive de dentro do próprio governo, que queria uma atuação mais firme do banco, principalmente para destravar as concessões e alavancar os investimentos no País.
Por outro lado, o excesso de recursos em caixa pode permitir que o BNDES devolva mais recursos ao Tesouro Nacional.
No fim do ano passado, a instituição antecipou o pagamento de R$ 100 bilhões, o que permitiu a redução da dívida bruta do governo federal.
O novo presidente do BNDES defendeu, momentos antes da cerimônia de sua posse, a priorização da retomada dos investimentos industriais, já que o setor agrícola tem demonstrado bom desempenho.
Ele também apontou que a principal preocupação agora é com a retomada do crescimento.
"Não há desenvolvimento sem investimento. A preocupação neste novo ciclo é com o investimento industrial", afirmou Castro em coletiva de imprensa.
Sobre o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, disse que é preciso comemorar o início do ciclo de alta da atividade.
O PIB aumentou 1% nos três primeiros meses do ano na comparação com o último trimestre de 2016.
A respeito do papel do BNDES, destacou que o banco estimula o investimento, mas o ator principal é o empresário, "principalmente o de pequeno porte".
Ele também minimizou críticas à gestão anterior. "Espero que não haja mais reclamações de empresários. O meu compromisso é que havendo demanda haverá oferta."
O novo presidente do BNDES fez elogios à presidente anterior do banco, Maria Silvia Bastos Marques. "Tive uma boa aula de gestão com a Maria Silvia".
Ele não quis responder o que fará diferente dela: "Não sei nem o que farei igual, quanto mais diferente".
Diretoria
Rabello de Castro descartou grandes mudanças na diretoria do banco. Segundo ele, poderá haver um ou dois reforços, especialmente em Brasília.
"Há um ano cheguei ao IBGE e mantive 100% da diretoria. Gostaria que os atuais diretores do BNDES permanecessem e acho que vão", afirmou a jornalistas antes da sua cerimônia de posse.
Castro afirmou que quer botar o País para ganhar o jogo.
"Ainda estamos no 7 a 1, mas vamos reverter esse placar", disse em referência ao jogo entre Brasil e Alemanha. Para isso, afirmou que poderá trazer um ou dois "gandulas como reforço, especialmente em Brasília".
Ele disse ainda: "Queremos um dia voltar a crescer 5% ao ano, como mínimo". Também afirmou que "temos que cuidar muito dessa nova taxa de demanda de investimento".
Castro mandou um recado aos "empresários que tomam champagne em Nova York". "Temos que tirar a taça deles", afirmou.
Mas ponderou que não se pode confundir empresários que fizeram malfeitos com empregadores.
O presidente do BNDES destacou que. como o Congresso abriu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), pretende mostrar aos parlamentares o banco.
Ele disse ainda que não se fala em planejamento estratégico no País, o que será a nova agenda.
Sobre a sua relação com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha e o da Secretaria Geral, Moreira Franco, Castro disse que o "núcleo duro é o nosso norte". "Eles são responsáveis pela estabilização da economia".
JBS
O novo presidente do BNDES afirmou que vai tratar o frigorífico JBS com o "rigor que o controlador merece" e com o "carinho que o empregado merece".
Após operações que somam R$ 8,1 bilhões, o BNDES possui cerca de 20% do capital da empresa. As operações são investigadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Operação Bullish, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
Rabello de Castro descartou vender participações do banco na companhia.
O novo presidente do BNDES informou que não deu aval à lista de perguntas e respostas sobre as operações com a JBS divulgada na quarta-feira pelo banco de fomento, na qual defende a regularidade das operações.
Em entrevista pouco antes de tomar posse, no Rio, Rabello de Castro ressaltou que o BNDES possui "critérios rigorosíssimos".