Queda da utilização da capacidade instalada alivia juros
Dados da CNI são um sinal de perda de dinamismo da atividade econômica
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2010 às 15h55.
São Paulo - A queda do nível de utilização da capacidade instalada da indústria brasileira em maio é uma notícia que traz alívio para os empresários, que temiam um aperto monetário mais intenso.
O raciocínio dos analistas é simples: quanto mais alto o nível de utilização, maior o risco de uma inflação gerada pela incapacidade da oferta de atender a demanda.
É verdade que o índice de 82,3% em maio (ante 82,8% em abril) ainda está acima da média do período entre 2004 e 2008, de 81,6%, segundo cálculos da LCA Consultores. Porém, segue abaixo do patamar verificado no período pré-crise (de 83,2%, no primeiro semestre de 2008).
Se as previsões do economista-chefe da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, estiverem certas, o indicador ficará estável no segundo semestre, sem ultrapassar o patamar pré-crise. A estimativa leva em conta o crescimento dos investimentos, que ampliam a capacidade de produção.
Nesse contexto, é preciso observar o peso que o Banco Central vai dar a essa notícia. A mediana do boletim Focus divulgada na segunda-feira (5) projeta elevação da Selic dos atuais 10,25% para 12,13% no fim do ano, o que pode ser um exagero já que os dados da CNI mostram um sinal de perda de dinamismo da atividade econômica. "As divulgações mais recentes reforçam a perspectiva de um aperto monetário menos intenso que o esperado pelo mercado (nossa projeção de Selic para final de 2010 é de 11,75%", diz relatório da LCA.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central será nos dias 20 e 21 de julho.