Queda de Lula nas pesquisas é a única "solução", diz estudo da A.C. Pastore
"A forte depreciação cambial colocou pressões para elevar a inflação e impôs prejuízos às empresas com passivos em dólares. Por que ela se agravou?", pergunta o relatório de conjuntura "Como acalmar os mercados", da A.C. Pastore & Associados. Tanto a depreciação do risco-país, quanto a alta do dólar, decorre da percepção de que o risco […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h53.
"A forte depreciação cambial colocou pressões para elevar a inflação e impôs prejuízos às empresas com passivos em dólares. Por que ela se agravou?", pergunta o relatório de conjuntura "Como acalmar os mercados", da A.C. Pastore & Associados.
Tanto a depreciação do risco-país, quanto a alta do dólar, decorre da percepção de que o risco intrínseco de um eventual "governo Lula" é mais alto do que o mercado supunha, afirma o estudo, coordenado pelos economistas Affonso Celso Pastore e Maria Cristina Pinotti. "A probabilidade de que ele (Lula) seja eleito é elevada", completa o relatório. Pela análise, há dúvidas ainda sobre a "eficácia dos instrumentos à disposição das autoridades econômicas para acalmar os mercados nessas circunstâncias".
Pelo estudo da consultoria, o grosso do desequilíbrio é provocado pela manifestação de uma incerteza quanto aos resultados das eleições, que se não for alterada, manterá a pressão sobre a taxa cambial, sobre o risco-país e sobre os juros mais longos no Brasil. "A única solução definitiva para este problema é a queda da probabilidade de eleição do candidato Lula, e isso está fora do controle das autoridades econômicas."
O estudo elaborado pela A.C. Pastore & Associados salienta que as medidas tomadas pela equipe econômica têm poder limitado. "As autoridades podem apenas evitar que uma bolha especulativa se some aos valores determinados por aquele preço de equilíbrio, ou que um movimento de manada eleve a volatilidade", afirma o texto.
Para os economistas, essas limitações reduzem a confiança na capacidade de acalmar os mercados. E completa: "A única solução possível vem de uma queda de Lula nas pesquisas de intenção de voto que altere radicalmente a probabilidade estimada pelos mercados de vitória do candidato José Serra".
O relatório salienta ainda que foram analisadas apenas as causas econômicas e políticas deste desequilíbrio, sem abordar as dificuldades operacionais da política monetária. Para a consultoria, "há um deslize fundamental em primeiro lugar. "Em segundo, se de um lado o Banco Central foi lento na sua reação ao novo cenário de riscos, foi o mercado que fez, até abril, uma aposta exageradamente otimista sobre as perspectivas da economia e da política monetária em um ano eleitoral."