Exame Logo

Queda da tarifa alivia inflação mas câmbio atrapalha

Segundo analistas, efeito deve ser dividido entre os resultados deste mês e do próximo IPCA, com impacto negativo mais forte, de cerca de 0,07 ponto, em julho

Segundo pesquisa da Reuters, o IPCA-15, que será divulgado na sexta-feira deve ter tido alta mensal de 0,37 %, chegando a 6,66 % nos 12 meses até a metade de junho (REUTERS/Bruno Domingos)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2013 às 16h51.

São Paulo - A revogação do aumento das tarifas dos transportes públicos em São Paulo e Rio de Janeiro deve dar um alívio de até 0,1 ponto percentual na inflação em junho e julho, muito pouco para alterar as perspectivas para o ano, ainda mais diante do novo quadro do câmbio.

Segundo analistas consultados pela Reuters, esse efeito deve ser dividido entre os resultados deste mês e do próximo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com impacto negativo mais forte, de cerca de 0,07 ponto, em julho.

"A revogação da tarifa será sentida um pouco no IPCA fechado de junho e no de julho", disse o estrategista-chefe da Santander Asset Management, Ricardo Denadai.

O aumento das tarifas, que vigorou no início do mês, deverá ser o principal responsável por afastar a inflação da meta do governo nesse período.

Segundo pesquisa da Reuters, o IPCA-15, que será divulgado na sexta-feira deve ter tido alta mensal de 0,37 %, chegando a 6,66 % nos 12 meses até a metade de junho. O teto da meta do governo é de 6,5 %.

As tarifas de ônibus, trem e metrô subiram mais de 6 % em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro no começo do mês. Isso desencadeou manifestações pelo país, e na quarta-feira as duas maiores cidades do país voltaram atrás na decisão.

Diante disso, economistas devem revisar suas projeções para a inflação neste e no próximo mês assim que for divulgado o IPCA-15. A analista da Tendências Adriana Molinari já prevê reduzir sua expectativa de alta de 0,40 % em junho, e que a projeção de 0,31 % em julho provavelmente passará para 0,24 %.

Fator câmbio

A analista, entretanto, não pretende mudar a perspectiva de inflação a 5,6 % neste ano, vendo apenas mudança no viés. "Havia um viés de alta, mas ele se acomodou por causa da pressão menor da tarifa de transporte público", disse ela.

Isso porque esse alívio tende a ser ofuscado ao longo do ano pelo novo cenário de forte desvalorização do real.


O nervosismo diante dos sinais de redução do estímulo monetário dos Estados Unidos vem provocando uma alta generalizada do dólar no mundo, impactando com força a moeda brasileira.

Nesta quinta-feira, o dólar chegou a superar 2,27 reais, o que representa uma alta acumulada de 6 % neste mês, depois de a moeda norte-americana subir 7 % em maio. Isso encarece os bens importados, pesando sobre a inflação brasileira.

"Diante dessa depreciação cambial que estamos vivendo nas últimas semanas, essa notícia positiva da revogação do aumento das tarifas fica ofuscada diante da preocupação com a depreciação do real e os efeitos disso especialmente no segundo semestre", destacou Denadai, da Santander Asset Management.

Ele agora trabalha na revisão de sua expectativa para a inflação neste ano, lembrando que ainda não está claro o impacto da desvalorização do real sobre a inflação. "A grande questão agora é saber onde vai parar o câmbio para poder ver o impacto. A grande angústia é essa."

Veja também

São Paulo - A revogação do aumento das tarifas dos transportes públicos em São Paulo e Rio de Janeiro deve dar um alívio de até 0,1 ponto percentual na inflação em junho e julho, muito pouco para alterar as perspectivas para o ano, ainda mais diante do novo quadro do câmbio.

Segundo analistas consultados pela Reuters, esse efeito deve ser dividido entre os resultados deste mês e do próximo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com impacto negativo mais forte, de cerca de 0,07 ponto, em julho.

"A revogação da tarifa será sentida um pouco no IPCA fechado de junho e no de julho", disse o estrategista-chefe da Santander Asset Management, Ricardo Denadai.

O aumento das tarifas, que vigorou no início do mês, deverá ser o principal responsável por afastar a inflação da meta do governo nesse período.

Segundo pesquisa da Reuters, o IPCA-15, que será divulgado na sexta-feira deve ter tido alta mensal de 0,37 %, chegando a 6,66 % nos 12 meses até a metade de junho. O teto da meta do governo é de 6,5 %.

As tarifas de ônibus, trem e metrô subiram mais de 6 % em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro no começo do mês. Isso desencadeou manifestações pelo país, e na quarta-feira as duas maiores cidades do país voltaram atrás na decisão.

Diante disso, economistas devem revisar suas projeções para a inflação neste e no próximo mês assim que for divulgado o IPCA-15. A analista da Tendências Adriana Molinari já prevê reduzir sua expectativa de alta de 0,40 % em junho, e que a projeção de 0,31 % em julho provavelmente passará para 0,24 %.

Fator câmbio

A analista, entretanto, não pretende mudar a perspectiva de inflação a 5,6 % neste ano, vendo apenas mudança no viés. "Havia um viés de alta, mas ele se acomodou por causa da pressão menor da tarifa de transporte público", disse ela.

Isso porque esse alívio tende a ser ofuscado ao longo do ano pelo novo cenário de forte desvalorização do real.


O nervosismo diante dos sinais de redução do estímulo monetário dos Estados Unidos vem provocando uma alta generalizada do dólar no mundo, impactando com força a moeda brasileira.

Nesta quinta-feira, o dólar chegou a superar 2,27 reais, o que representa uma alta acumulada de 6 % neste mês, depois de a moeda norte-americana subir 7 % em maio. Isso encarece os bens importados, pesando sobre a inflação brasileira.

"Diante dessa depreciação cambial que estamos vivendo nas últimas semanas, essa notícia positiva da revogação do aumento das tarifas fica ofuscada diante da preocupação com a depreciação do real e os efeitos disso especialmente no segundo semestre", destacou Denadai, da Santander Asset Management.

Ele agora trabalha na revisão de sua expectativa para a inflação neste ano, lembrando que ainda não está claro o impacto da desvalorização do real sobre a inflação. "A grande questão agora é saber onde vai parar o câmbio para poder ver o impacto. A grande angústia é essa."

Acompanhe tudo sobre:EstatísticasIndicadores econômicosInflaçãoIPCATransporte público

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame