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Queda da inflação não evitará novos aumentos da Selic

Para economistas, o Banco Central ainda elevará a taxa básica de juros neste ano, a fim de atingir a meta de 5,1% de inflação prevista para 2005

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h01.

A queda da inflação, expressa pelo recuo do IPCA de setembro, não será suficiente para conter novos aumentos da taxa básica de juros (Selic). O principal motivo é que, desde a última ata, o Comitê de Política Monetária (Copom) já deixou claro que, a partir de agora, se concentrará em cumprir a meta de inflação de 5,1% para 2005, composta por 4,5% do centro da meta, mais 0,6% de inércia inflacionária herdada deste ano.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta sexta-feira (8/10), que o IPCA de setembro foi de 0,33%, menos da metade da taxa de agosto (0,69%) e inferior à inflação de setembro do ano passado (0,78%). O número também ficou abaixo das expectativas do mercado, que oscilavam entre 0,35% e 0,60%. No acumulado do ano, o IPCA registra, até setembro, 5,49% e, nos últimos 12 meses, 6,70%.

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Os alimentos foram os que mais colaboraram com a desaceleração do IPCA, ao registrarem deflação de 0,19%, contra uma alta de 0,85% no mês retrasado. O grupo foi beneficiado pela ausência de fatores (como fortes chuvas ou frio intenso) que prejudicassem a oferta de alimentos in natura. Os preços administrados, em contrapartida, foram pressionados pelo reajuste das tarifas de telefonia fixa (3,13%) e de água e esgoto (2,16%).

A desaceleração do IPCA, contudo, não deve impedir que o Copom eleve novamente os juros até o fim do ano. "Não se faz política monetária olhando a inflação corrente. O Copom vai buscar a meta de 2005", afirma Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos. Segundo ele, o cenário internacional também continua incerto, sobretudo em relação ao patamar em que os preços do petróleo se estabilizarão. "Essa é a grande ameaça externa no momento", diz.

Já para o economista Jankiel Santos, do Departamento de Economia do ABN Amro Real, o Banco Central vai manter a política de elevar em 0,25 ponto percentual a Selic (atualmente em 16,25% ao ano) até dezembro. Com isso, a taxa encerrará 2004 em 17% ao ano. "Acreditamos que o BC não mexerá nos juros durante o primeiro trimestre de 2005, para ver se a inflação convergirá para a meta de 5,1%", diz Santos. Se isso realmente acontecer, o banco aposta que o Copom começará a cortar gradualmente a taxa.

Em parte, as próximas medidas do BC serão sustentadas pelas próprias expectativas do mercado. O último Relatório de Mercado do banco mostra que as instituições financeiras projetam um IPCA de 5,8% para o próximo ano, ainda acima da meta de 5,1% anunciada pela última ata do Copom. A projeção do mercado, aliás, vem se mantendo há duas semanas e é superior aos 5,6% estimados pelos bancos há quatro semanas.

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