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Presidente do Bradesco: "Acreditamos na rápida aprovação da Previdência"

Em entrevista, Octavio de Lazari comenta liberação do compulsório, crédito no Brasil e a velocidade de aprovação de reformas

Para Octavio de Lazari, reforma da Previdência vai sair numa velocidade maior do que se esperava (Patricia Monteiro/Bloomberg)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de junho de 2019 às 07h35.

São Paulo — O presidente do Bradesco , Octavio de Lazari, afirmou na última quinta-feira, 27, ao receber o prêmio Finanças Mais, que acredita na rápida aprovação da reforma da Previdência . Ele acredita que o País já poderá captar alguns benefícios dessa aprovação no último trimestre do ano e pavimentar um 2020 de cenário bem mais positivo para a economia.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

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Qual o impacto que a liberação do compulsório anunciada na quarta-feira pelo Banco Central (de R$ 16 bilhões) pode ter na carteira de crédito?

Toda a liberação de compulsório é sempre bem-vinda, até porque o compulsório do Brasil é alto em relação a qualquer país. Então, de fato, pode ajudar. Mas o que precisamos de verdade é crescimento econômico, pois não adianta liberação de compulsório sem demanda. O que a gente observa hoje, com relação às empresas, é uma carência de demanda por crédito, porque a atividade econômica está muito parada.

Há expectativa de que isso vá melhorar?

O nível de atividade econômica só vai melhorar a hora que a gente conseguir passar a reforma da Previdência e trazer a reboque outras reformas importantes no País, sobretudo a tributária e a independência do BC. Sem que isso aconteça, não vamos entrar num ciclo de crescimento virtuoso. Precisamos de uma economia de pelo menos R$ 1 trilhão para que a gente possa equilibrar o fiscal e passemos a contar com uma expectativa de crescimento no longo prazo. É importante que a reforma da Previdência se concentre na redução de despesas.

A atuação do Congresso tem trazido um otimismo maior sobre a aprovação da reforma? O sr. vê um cenário mais favorável?

Estamos mais otimistas. Conversamos com o Rodrigo Maia e com o Davi Alcolumbre ( presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente ) e com alguns membros da Comissão ( da Previdência ). A expectativa e o sentimento são positivos. Percebemos em todos a confiança de que vamos conseguir aprovar a reforma da Previdência sem as desidratações e também na velocidade que a gente precisa.

Mesmo com a reforma, a economia não vai levar ainda um tempo para se recuperar?

Estou mais animado e otimista porque acredito que a reforma da Previdência vai sair numa velocidade maior do que a gente esperava. Mas o mais importante é o seguinte: a reforma tributária já está pronta, então não vai precisar ( todo esse tempo de discussão ). O projeto de independência do BC também está pronto para ser discutido no Congresso. Estamos trabalhando com esse cenário - se ele se confirmar, podemos capturar um pouco dos benefícios dessas reformas no último trimestre. E aí entraremos 2020 com um cenário bem mais favorável.

E o crédito?

O crédito acompanha, porque ele reflete a confiança ( na economia ). Se as reformas passarem, a confiança vai voltar. Tenho viajado o Brasil inteiro e há projetos muito bons que estão nas mesas dos empresários, de investimentos absolutamente necessários em infraestrutura, energia, transporte, por exemplo.

O ano de 2019 já está comprometido?

O ano de 2019 já está comprometido. Por mais rápido que a reforma da Previdência saia, já estaremos em agosto ou setembro. É mais provável que nós tenhamos esse benefício capturado para o ano de 2020.

No caso Odebrecht, alguns bancos têm questionado o bloqueio de garantias pela Justiça. Como o banco vai agir nesse caso?

Nós não podemos discordar do juiz, ele tem autoridade para tomar ( as decisões ). Mas vamos sempre defender um entendimento que seja bom para todo mundo. Não só no aspecto de os bancos recuperarem o crédito ( concedido ), mas também para preservar a empresa. Se a empresa for preservada e seguir operando, será mais fácil para os bancos recuperarem seus créditos. A gente não pode esquecer que a Odebrecht já gerou 400 mil empregos - hoje, são pouco mais de 60 mil. A gente quer que a empresa sobreviva, para pagar seus compromissos e gerar empregos. Apesar de todos os problemas, a gente não pode deixar de reconhecer que a Odebrecht tem um departamento de engenharia reconhecido no mundo todo.

Preservar a empresa significa não exercer garantias?

Pode ser uma alternativa. Por isso que todos temos de sentar à mesa para encontrar a melhor solução.

Mas tem um caminho para a negociação?

Sim, é o caminho que vamos buscar. Os bancos ( podem ) sentar à mesa, dar uma condição para a empresa pagar em prazo maior, com mais carência. O Judiciário ( precisa ) entender que os credores têm de ser preservados para que eles possam manter a empresa viva. Se todo mundo quiser resolver o problema individualmente, não vamos ter uma solução em grupo.

E a pressão de bancos públicos, como a Caixa?

Cada um tem sua estratégia. Nós vamos sempre perseguir a estratégia de preservar a empresa, o negócio e os empregos. Esse é o nosso principal objetivo.

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