Prêmio Nobel de Economia vai para especialistas de leilões
Os americanos Paul Milgrom, de 72 anos, e Robert Wilson, de 83, foram premiados por trabalho inovador
AFP
Publicado em 12 de outubro de 2020 às 08h24.
Última atualização em 12 de outubro de 2020 às 10h31.
O Prêmio Nobel de Economia foi atribuído, nesta segunda-feira (12), aos americanos Paul Milgrom, de 72 anos, e Robert Wilson, 83, dois especialistas em leilões cujos trabalhos inovadores foram utilizados, em particular, para atribuições de frequências de telecomunicações.
O "Prêmio do Banco da Suécia em Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel" é concedido a eles por "melhorar a teoria dos leilões e inventar novos formatos de leilões" em "benefício de vendedores, compradores e contribuintes em todo o mundo", disse o júri da Academia de Ciências da Suécia.
A dupla, que era uma das favoritas ao Prêmio este ano, é mais conhecida por estar por trás do conceito de venda de licenças de frequência de telecomunicações nos Estados Unidos.
Os dois economistas , ambos professores de Stanford, também trabalharam nos mecanismos de alocação de slots de pouso em aeroportos.
"Os leilões estão por toda a parte e afetam o nosso dia a dia", ressaltou o júri.
O comitê do Nobel destacou que a teoria dos leilões, um ramo específico da teoria dos jogos, é cada vez mais popular. É usada, por exemplo, no pagamento de impostos, no preço da eletricidade, na negociação de uso de redes de internet, nos mecanismos de negociação de emissão de carbono e até nas bolsas de valores, na compra e venda de papéis e opções por traders mais ou menos informados.
A base da teoria é a assimetria de informações. Os compradores agem de acordo com a informação que possuem, mas se guiam também com base no que acreditam que o outro lado conhece. É neste jogo que reside a complexidade do tema.
"Milgrom é um daqueles gênios que modificou toda uma vertente em sua área de pesquisa. Hoje é impossível falar da dinâmica dos leilões sem citar algum trabalho dele", diz Arthur Mota, economista da Examer Research, a área de análises de investimentos da EXAME. "Wilson, por sua vez, contribuiu com a teoria de leilões competitivos num cenário de informação assimétrica com pesquisas que se iniciam uma década antes de Milgrom".
Em 2019, o Prêmio foi atribuído a um trio de pesquisadores especializados no combate à pobreza, os americanos Abhijit Banerjee e Michael Kremer e a franco-americana Esther Duflo, segunda mulher distinguida na disciplina e a mais jovem laureada da história deste prêmio.
O Prêmio de Economia encerra uma temporada do Nobel marcada na sexta-feira pelo Prêmio da Paz ao Programa Mundial de Alimentos, órgão da ONU para o combate à fome.
Quinta-feira, a poetisa americana Louise Glück venceu Literatura. Além da americana Andrea Ghez, co-vencedora de Física na terça-feira, duas mulheres entraram para a História do Nobel pela descoberta da "tesoura genética": a francesa Emmanuelle Charpentier e a americana Jennifer Doudna se tornaram a primeira dupla 100% feminina a ganhar um Nobel científico, em Química.
Os vencedores, que repartem quase um milhão de euros por cada disciplina, vão receber o prêmio este ano no seu país de residência, devido à pandemia de coronavírus.