Poucos ganham com a atual crise, avaliam Nobel de Economia
Somente a China e os acionistas de bancos socorridos pelo governo se salvaram, avaliam economistas
Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2009 às 15h50.
Um dos ditados apreciados pelos executivos afirma que o mundo se divide entre quem chora e quem vende lenços. Mas, na atual crise, há muito mais pessoas vertendo lágrimas, do que aquelas que vão lucrar com isso, na avaliação dos três Nobel de Economia reunidos no EXAME Fórum, nesta segunda-feira (11/5). "Infelizmente, nessa crise, a maioria é de perdedores", afirmou Joseph Stiglitz. Para o Nobel de 2001, os únicos beneficiados pela crise foram os banqueiros, que conseguiram manter seus bônus apesar dos maus resultados, e os acionistas das instituições socorridas pelo governo americano. "Esses se deram bem", disse.
Tratando do assunto durante a mesa-redonda que se formou após a apresentação individual no EXAME Fórum, os participantes aproveitaram também para dar respostas descontraídas. Para Robert Mundell, quem mais ganhou com a crise foram os próprios economistas, que estão lucrando para explicar o que deu errado no mundo. A resposta arrancou risos da platéia, composta por alguns dos principais homens de negócios do país. Em seguida, voltando à pergunta, Mundell avaliou que a China é uma das ganhadoras da crise, pois continua crescendo e fortaleceu seu espaço no cenário mundial.
O ex-ministro da Fazenda do Brasil, Antonio Delfim Netto, também não enxerga vencedores atualmente. "Alguns até puderam encher seus dedos, mas certamente de uma forma completamente irregular", afirmou. Mesmo a China, citada por Mundell como uma das ganhadoras, é vista com ressalvas. "Hoje, a China enfrenta desemprego, desigualdade", disse.
Delfim também lembrou a proximidade das eleições presidenciais no Brasil, que devem ocorrer em 2010. "Quando você faz o que está fazendo, as urnas falam", afirmou, lembrando que a crise nasceu de um problema técnico, mas agora tem implicações políticas. "Produzir é um problema técnico, mas distribuir é um problema político", disse.