Por que estes são os 7 países mais competitivos do mundo
Ranking do Fórum Econômico Mundial com Brasil na 75ª posição coloca no topo países que se destacam principalmente em três áreas
João Pedro Caleiro
Publicado em 30 de setembro de 2015 às 13h45.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h30.
São Paulo - Cidadãos bem educados e saudáveis trabalhando para inovar dentro de um ambiente de negócios estável e com infraestrutura de ponta. Se fosse possível descrever em uma frase o que é um país altamente competitivo, seria algo mais ou menos assim. É o que dá para concluir olhando para os líderes do último ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial com 140 países, que analisou 118 variáveis em 12 pilares. São eles: instituições, infraestrutura, ambiente macroeconômico, educação e saúde primárias, educação superior e treinamento, eficiência do mercado de bens, eficiência do mercado de trabalho, desenvolvimento do mercado financeiro, prontidão tecnológica, tamanho de mercado, sofisticação de negócios e inovação. O Brasil teve a maior queda do ranking (18 posições) e ficou no 75º lugar, atrás de países como Vietnã e Ruanda. Pesou contra o Brasil a deterioração dos fundamentos econômicos e o clima de pessimismo, já que parte da nota vem de uma pesquisa de opinião com executivos. Veja a seguir as lições dos 7 melhores colocados no ranking:
População: 8,1 milhões PIB per capita: US$ 87.745 A Suíça lidera o ranking pelo sétimo ano consecutivo. O país é primeiro lugar mundial em inovação, institutos de pesquisa, gasto de companhias em pesquisa e desenvolvimento e sofisticação dos negócios. Segundo o Fórum, outra razão para sucesso do país é seu "excelente sistema de educação em todos os níveis" e a eficiência do mercado de trabalho, com liderança mundial na "colaboração entre empregados e empregados". A Suíça é destaque também em ambiente macroeconômico, o que ajuda a "explicar sua resiliência ao longo da crise", mas há riscos no horizonte. Com juros já negativos, sobrou pouco espaço para reagir em caso de fraqueza, e há incertezas políticas que ameaçam restringir a imigração e a atração de talentos.
População: 5,5 milhões PIB per capita: US$ 56.319 Singapura continua em segundo lugar pelo quinto ano seguido e é um dos países mais consistentes no ranking: está no top 10 mundial em 9 dos 12 pilares analisados pelo Fórum. O país tem a melhor eficiência de mercados do mundo. Sua infraestrutura só fica atrás de Hong Kong, o outro único país que também está no top 3 mundial em todas as outras medidas de eficiência: troca de bens, mercado financeiro e mercado de trabalho. Curiosamente, Singapura tem ao mesmo tempo o mercado de trabalho mais flexível do mundo e o segundo mais atrativo, mas as "regulações restritivas de trabalho" são a principal reclamação dos empresários sobre o ambiente de negócios do país.
População: 319 milhões PIB per capita: US$ 54.597 Os Estados Unidos , maior economia do mundo, tem como forças óbvias seu tamanho, seu mercado de trabalho flexível e o desenvolvimento do seu setor financeiro. Sua capacidade formidável de inovar é resultado de uma forte colaboração entre empresas e universidades, do alto gasto em pesquisa e desenvolvimento e do bom nível de capital humano, com muitos cientistas e engenheiros disponíveis. Mas há muito espaço e necessidade de melhorar. O ambiente macroeconômico está quase na centésima posição do ranking e os dias de juros zero estão perto do fim. Com dólar forte, ganhos de produtividade serão cada vez mais importantes.
População: 81,1 milhões PIB per capita: US$ 47.590 A Alemanha subiu um degrau no ranking de um ano para o outro graças a um salto de 18 posições na eficiência do trabalho e do mercado financeiro. O país tem um sistema empresarial complexo e sofisticado, caracterizado por alta prontidão tecnológica e adoção de novas tecnologias, dentro de um ecossistema que favorece a inovação e a pesquisa dentro e fora das universidades. Seu ambiente macroeconômico também melhorou, fruto de um bom conforto orçamentário, criticado por alguns como deletério para o resto da Europa. Apesar do país estar com desemprego historicamente baixo, o Fórum pede por mais flexibilidade no mercado de trabalho.
População: 16,9 milhões PIB per capita: US$ 51.373 A Holanda é um destaque: no altamente competitivo top 10, conseguiu subir 3 degraus de um ano para o outro e voltou para sua melhor posição histórica, ocupada pela última vez em 2012. A melhora foi pequena mas generalizada, com alguns saltos pontuais. Apesar do PIB ainda estar abaixo do nível pré-2008, o ambiente macroeconômico subiu 13 posições em um ano. A Holanda é terceiro lugar mundial em infraestrutura e educação superior e treinamento, além de emplacar no top 10 também em sofisticação dos negócios (5ª), educação e saúde primárias (6ª) e inovação (8ª).
População: 127,1 milhões PIB per capita: US$ 36.332 O Japão tem infraestrutura excelente, uma força de trabalho saudável e altos níveis de inovação. É sede dos melhores fornecedores locais do mundo e de negócios sofisticados que fazem produtos únicos com forte controle da distribuição internacional. Seu ambiente macroeconômico melhorou de um ano para o outro, mas continua lá em baixo na comparação mundial: 121º lugar entre 140 países. O Japão também precisa melhorar muito em capital humano, onde fica na 21ª posição, longe dos seus competidores no topo. O país ficou pela primeira vez fora do top 10 de treinamento no trabalho e precisa urgentemente incluir mais as mulheres.
População: 7,3 milhões PIB per capita: US$ 39.871 Hong Kong manteve a sétima posição dos últimos 3 anos com uma performance praticamente igual a do ano passado e consistente ao longo dos pilares. O país é lider mundial em infraestrutura, com destaque para o transporte, além de ser top 3 em eficiência do mercado de bens e de trabalho e um entusiasta da adoção de novas tecnologias. Já consolidado como centro financeiro (3º lugar mundial), o desafio de Hong Kong é se tornar também um inovador. O país está no 27º lugar mundial neste item, e os empresários apontam a incapacidade de inovar como de longe a maior dificuldade para fazer negócios no país.