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PLUGADO EM CHICAGO

Em 1984, aos 21 anos de idade, o então estudante de engenharia mecânica da USP Walter Yukio Horita, natural de Floresta, no norte paranaense, aceitou o convite de um corretor de terras para conhecer o longínquo oeste da Bahia. Foi, viu, gostou e reservou 1 210 hectares em São Desidério, a 170 quilômetros de Barreiras. […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h59.

Em 1984, aos 21 anos de idade, o então estudante de engenharia mecânica da USP Walter Yukio Horita, natural de Floresta, no norte paranaense, aceitou o convite de um corretor de terras para conhecer o longínquo oeste da Bahia. Foi, viu, gostou e reservou 1 210 hectares em São Desidério, a 170 quilômetros de Barreiras. O preço era de cigarro: o hectare custava o equivalente a um maço. Na volta, Horita convenceu o pai a vender 24 dos 450 hectares das terras da família no Paraná para bancar a compra. A seguir trancou matrícula, arrumou financiamento barato (35% ao ano, fixos) e tratou de desbravar as terras. Após dois anos, convocou os irmãos para ajudar, concluiu o curso de engenharia, mas nunca exerceu a profissão. "Como engenheiro não teria o que tenho hoje", diz Horita. Agora, os Horita já possuem 20 mil hectares, dos quais 18 mil são agricultáveis. Na próxima safra, devem faturar 13 milhões de dólares.

Horita chegou lá porque não aprendeu apenas a plantar. Ele acompanha a Bolsa de Chicago via internet e não fecha uma operação sem consultá-la. Sua meta é iniciar o plantio com 50% da colheita travada, isto é, negociada no mercado de futuros. Isso cobrirá a maior parte dos custos. Os outros 50% aguardarão um momento mais propício à comercialização. "Vender só na hora da colheita é bobagem", diz Horita. "O preço sobe e desce. O negócio é ganhar na média." Ele turbina os lucros com armazenagem própria para 40 mil toneladas. E ganha dinheiro ainda com uma corretora de grãos.

Outro fator dos bons lucros colhidos pelos Horita - cerca de 30% sobre o faturamento - é a qualidade de seus equipamentos. "Não se faz agricultura moderna com máquinas antigas", diz Horita. Nas fazendas existem dez tratores de grande porte e outros menores. Há um avião agrícola e três pulverizadores. Já as colheitadeiras são nove. Sofisticadas, as de algodão são dotadas de painel digital, GPS, ar-condicionado, entre outros itens. Cada uma pode substituir mil homens e custa 300 mil dólares.

Só agora Horita está experimentando a agricultura de precisão, isto é, plantar e colher com a ajuda de um satélite. O lote inicial é de 100 hectares. O custo é caro - 60 reais por hectare. Daí a parcimônia. "No atual estágio da agricultura que praticamos, o satélite é um ajuste fino", diz Horita. Na soja, sua produtividade se destaca. Em média, ele colheu 57 sacas em cada um dos mais de 5 mil hectares plantados na última safra. A média brasileira foi de 45,5.

Dono de uma Cherokee, ele passa os dias úteis em Barreiras e os fins de semana nas fazendas. Nas férias, costuma viajar para os Estados Unidos, onde troca experiências com os agricultores locais. "Sempre digo a eles que quem quer se dar bem no Brasil tem de ir para as novas fronteiras agrícolas", diz Horita." É ali que o Brasil cresce. E depressa."

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