Plano de falência de bancos é chave para reforma
Encontrar uma solução para o debate sobre empresas grandes demais para falir é a principal dor de cabeça regulatória
Da Redação
Publicado em 1 de fevereiro de 2010 às 07h39.
Uma rede de segurança financiada por bancos para absorver grandes falências pode ajudar a proteger os mercados e reconstruir a confiança no sistema financeiro, mas os reguladores que apoiam a ideia precisam chegar a um equilíbrio na questão.
Conversações informais no Fórum Econômico Mundial em Davos, no entanto, mostram que embora bancos e reguladores concordem sobre a necessidade de construir algo para absorver choques e fortalecer as regras de capital, encontrar um consenso sobre como limitar o custo para os contribuintes de pacotes de emergência para empresas pode adiar o projeto.
"Precisamos fortalecer a infraestrutura para minimizar o choque de um colapso. Isso é muito complexo e multidimensional e temos que trabalhar muito", disse o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, no Fórum.
Banqueiros que participaram do evento disseram que os reguladores e a indústria concordam sobre a necessidade de um mecanismo para resolver os problemas dos bancos, mas ressaltaram que não houve um consenso sobre como fazê-lo.
Uma ideia controversa debatida nos bastidores do evento foi a possibilidade de criar um "fundo de resolução" para administrar crises em grandes instituições que possam abalar o sistema como um todo.
A questão é relevante para pequenos países com grandes bancos, como a Suíça, que queiram evitar que suas economias sejam ameaçadas pelo colapso financeiro, como foi o caso da Islândia.
O fundo de resolução, apoiado publicamente pelo presidente-executivo do Deutsche Bank, Josef Ackermann, e pelo presidente do Barclays, Bob Diamond, seria formado com a imposição de uma taxa para os bancos globais.
Mas alguns mostraram-se céticos sobre designar um fundo ou uma entidade.
"Se tivermos um fundo com base em contribuições de todos, talvez não negociaríamos com muita cautela, porque haveria esse dinheiro como último recurso e depois haveria o Estado", disse o diretor da bolsa de Varsóvia, Ludwik Sobolewski.
Outros apontaram que seriam necesários muitos anos para iniciar o fundo e torná-lo operacional.
RESPONSIBILIDADE DE QUEM?
Um detalhe é como administrar um fundo assim, com muitos sugerindo que essa delicada tarefa deveria ser feita nacionalmente.
"Essa decisão específica deveria ser tomada por cada país", disse o presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles.
Barney Frank, presidente do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, disse que "ninguém vai abdicar da soberania independente".