Plano de supervisor bancário para Zona do Euro pode colapsar
Vários ministros europeus admitiram que oposição de países pode derrubar proposta
Da Redação
Publicado em 15 de setembro de 2012 às 13h01.
São Paulo - O plano de criar um supervisor único do setor bancário para a Zona Euro a partir de janeiro de 2013, como quer a Espanha, está a beira do colapso devido à oposição de Suécia e Alemanha, admitiram neste sábado vários ministros europeus.
"Há uma série de complicações", disse o ministro espanhol, Luis de Guindos, em uma coletiva de imprensa, em meio a uma reunião em Nicósia com seus homólogos da União Europeia (UE).
A proposta - impulsionada pela Comissão Europeia (CE) - tenta fazer com que o Banco Central Europeu (BCE) se torne o supervisor único da Zona Euro a partir de 2013.
A Espanha quer que o plano "seja realizado o mais rápido possível", disse De Guindos.
Dessa maneira, o país, imerso em uma profunda crise do setor financeiro, garantirá que a recapitalização do bloco aos bancos com problemas seja feita diretamente sem que se transforme em dívida pública para o Estado.
Contudo, De Guindos reconheceu que o "calendário é ambicioso". Vários ministros europeus se mostraram céticos quanto a seu cumprimento com o objetivo de estabelecer este Supervisor máximo europeu em janeiro de 2012, como estava previsto.
"Não será possível ter o mecanismo disponível para 1º de janeiro de 2013", afirmou o ministro alemão Wolfgang Schauble, durante coletiva de imprensa.
A proposta da Comissão Europeia requer o "apoio dos 27 países da UE e acreditamos que isso será muito difícil de ser obtido", afirmou.
O sueco Anders Borg foi ainda mais taxativo ao afirmar que a proposta comunitária é "completamente inaceitável".
Segundo De Guindos, as dificuldades vão desde o ponto de vista geográfico até institucionais.
A Comissão Europeia propõe que o BCE controle a todos os bancos da Zona Euro. Contudo, a Alemanha quer limitar seu poder aos grandes bancos, considerados sistêmicos e assim não perder o controle dos bancos regionais.
A iniciativa também provoca reservas no Reino Unido, país que abriga a maior praça financeira da UE, ante o temor de que o BCE acumule finalmente muito poder.
Além disso, é preciso delimitar o poder da Autoridade Bancária Europeia (EBA). Segundo a CE, a EBA continuaria cumprindo com seu papel de velar para que as normas únicas sejam aplicadas nos 27 países-membros da UE.
Caso o plano prospere, o BCE terá a última palavra em todas as decisões que garantam a estabilidade financeira das 17 nações da Zona Euro, em um processo gradativo que será iniciado em 1º de janeiro de 2013 e terminaria um ano depois, quando todos os bancos do bloco ficariam sob o mecanismo único de supervisão.
O projeto comunitário é crucial para a Espanha, uma vez que o supervisor único financeiro entre em vigor, o fundo de resgate europeu conhecido como MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade) poderá assumir a recapitalização direta dos bancos espanhóis e liberar as contas do Estado dessa carga.
A Zona Euro prometeu em junho à Espanha um empréstimo de até 100 bilhões de euros para seu setor financeiro, muito prejudicado pelo estouro da bolha imobiliária em 2008.
A pressão continua aumentando sobre o país, quarta economia da Zona Euro, para que solicite um resgate financeiro, ante os pesados vencimentos da dívida com os quais deverá arcar em outubro.