Pix: Governo assegura gratuidade após crise causada por fake news
Agência de notícias
Publicado em 15 de janeiro de 2025 às 20h02.
Após ter uma ampla repercussão negativa, acompanhada por uma onda de notícias falsas, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu recuar e revogar a norma da Receita Federal sobre monitoramento das movimentações financeiras, incluindo o Pix.
A decisão foi tomada após uma série de reuniões realizadas entre o presidente, o novo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A origem dessa crise está na instrução normativa publicada pela Receita Federal em setembro do ano passado. A regra exigia das chamadas fintechs algo já cobrado dos bancos tradicionais: notificar movimentações globais a partir de um determinado valor.
A norma determinava que movimentações acima de R$ 5 mil para pessoas físicas, feitas via Pix ou outras transações financeiras (como TED e débito), deveriam ser informadas à Receita.
No dia 1º de janeiro deste ano, a instrução normativa entrou oficialmente em vigor. Isso obrigou as fintechs a reportarem dados sobre transações acumuladas acima de R$ 5 mil por mês para pessoas físicas. As primeiras informações seriam enviadas ao final do primeiro semestre e os dados acumulados divulgados no fim do ano.
Entretanto, a medida gerou uma repercussão negativa, com muitas pessoas temendo que levaria mais trabalhadores autônomos e informais a caírem na malha fina. A Receita negou que o objetivo fosse atingir pequenos contribuintes.
A situação se agravou com uma onda de fake news, que espalhou rumores de que o Pix seria taxado. Instituições como a Receita, o Banco Central, o ministro Fernando Haddad e o presidente Lula precisaram negar publicamente a criação de qualquer taxa sobre o método de pagamento.
Um dos episódios mais graves foi o vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que ultrapassou 100 milhões de visualizações no Instagram. O parlamentar sugeriu que o monitoramento de transações financeiras abriria caminho para uma futura taxação do Pix. Em sua fala, Nikolas disse:
“O governo Lula vai monitorar seus gastos. E o Pix não será taxado, mas é sempre bom lembrar… A comprinha da China não seria taxada, mas foi. Não ia ter sigilo, mas teve. O Pix não será taxado, mas não duvido que possa sim.”
O impacto do vídeo causou alarme no Palácio do Planalto, que realizou reuniões emergenciais para conter a crise. Lula, inclusive, alterou a chefia da Secretaria de Comunicação, substituindo o comando por Sidônio Palmeira, em uma tentativa de reforçar sua estratégia nas redes sociais.
Na última quarta-feira, o governo realizou uma coletiva de imprensa para anunciar a revogação da normativa da Receita Federal. A medida foi confirmada pelo secretário da Receita, Robison Barreirinhas, após reunião com o presidente no Palácio do Planalto.
“Nos últimos dias, pessoas inescrupulosas distorceram um ato da Receita, causando pânico. Apesar de todo nosso trabalho, esse dano é continuado. Por isso, decidi revogar esse ato”, declarou Barreirinhas.
Já o ministro Fernando Haddad afirmou que o governo editará uma Medida Provisória (MP) para reforçar o sigilo e a gratuidade no uso do Pix.
“Lula está para assinar uma MP para reforçar gratuidade e sigilo do Pix”, finalizou o ministro.