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Pirataria afasta investimento externo, diz representante da indústria

Não há muitas histórias de sucesso entre as campanhas anticontrabando e antipirataria dirigidas ao consumidor final. Ele é muito menos sensível que uma empresa a argumentos como qualidade e perigo da fiscalização. As indústrias de software e música tentam há tempos atingir esse consumidor, mas, no Brasil, 60% dos programas instalados em computadores são piratas, […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h44.

Não há muitas histórias de sucesso entre as campanhas anticontrabando e antipirataria dirigidas ao consumidor final. Ele é muito menos sensível que uma empresa a argumentos como qualidade e perigo da fiscalização. As indústrias de software e música tentam há tempos atingir esse consumidor, mas, no Brasil, 60% dos programas instalados em computadores são piratas, assim como 50% dos CDs vendidos.

Apesar desse histórico ruim, uma nova campanha deve ser a principal iniciativa resultante do Seminário Nacional contra a Pirataria e o Contrabando , que ocorre nesta quarta-feira (28/8) em Brasília, na Confederação Nacional da Indústria (CNI).

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O coordenador dos trabalhos será Renan Proença, presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). Ele acha que vale a pena investir no convencimento do cliente e acredita que encontrou um argumento poderoso: pirataria gera desemprego. Esse foi o mote de uma campanha realizada em novembro no Rio Grande do Sul. Ela deverá se tornar nacional nos próximos meses. Foi realizada uma pesquisa de opinião entre os gaúchos, em janeiro, quando a camapnha foi encerrada. Do total de pessoas que respondeu a pesquisa, 68,6% lembrou da campanha -- número que aumenta para 75,5% na faixa etária entre 16 e 21 anos. Mais da metade (55,7%) concorda que pirataria e contrabando geram desemprego e 36,3% dos gaúchos afirmaram que parariam de comprar produtos piratas e contrabandeados depois de ver a campanha.

Confira alguns trechos da entrevista dada por Proença a EXAME na abertura do evento:

EXAME - Como será a campanha anticontrabando e antipirataria?

Proença - Queremos provocar uma mudança comportamental. A maioria das pessoas não tem noção da dimensão do problema. Elas vêem um camelô trabalhando para sobreviver e não imaginam a estrutura de crime organizado que está por trás dele. Vamos lançar uma campanha lastreada no emprego: quem compra produto pirata está criando emprego fora do Brasil.

EXAME - Não seria melhor atacar questões como fiscalização e tributação?

Proença -
Podemos discutir tributação, se alguém abordar o assunto aqui (N.R.: Everardo Maciel, secretário da Receita Federal, é um dos convidados do evento). Quanto à fiscalização, é impossível controlar as fronteiras num país do tamanho do Brasil. Encontrar um fuzil AR-15 já nem é mais notícia. Agora para ser notícia têm de ser 100 fuzis AR-15.

EXAME Outra possibilidade não seria estimular as ações diretas das empresas, para que elas denunciem os concorrentes ilegais?

Proença
As ações diretas de cada empresa ou de cada setor ajudam muito. Precisamos iniciar um mutirão. A pirataria é um afastador de investimento externo. Os países que defendem sua propriedade intelectual acabarão adotando alguma medida. Mas nosso principal objetivo no momento é falar ao consumidor.

EXAME - Esse é um meio eficiente de combater o problema, se ele já se convenceu da vantagem de comprar no camelô?

Proença -
Achamos que as mudanças têm de ser de dentro para fora. Sabemos que é difícil. O Brasil foi um país fechado, o que criou a figura do contrabandista de confiança, aquele sujeito que trazia uísque estrangeiro para o freguês. Para mudar isso, teremos de fazer uma campanha constante, não algo eventual.

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