Piora nos indicadores dos EUA adia investimentos de empresas, avalia BBV
A redução da confiança do consumidor americano, em relação a não ocorrência de alterações relevantes no comportamento do consumo das famílias do país, já está sendo refletida nas perspectivas empresariais de recomposição de lucros nos próximos meses. Esse fator, segundo análise do BBV, deve adiar novas decisões de investimento por parte das corporações. "Esse movimento […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h33.
A redução da confiança do consumidor americano, em relação a não ocorrência de alterações relevantes no comportamento do consumo das famílias do país, já está sendo refletida nas perspectivas empresariais de recomposição de lucros nos próximos meses. Esse fator, segundo análise do BBV, deve adiar novas decisões de investimento por parte das corporações. "Esse movimento impediria um processo de recuperação mais vigorosa da atividade econômica local e a sustentabilidade desta recuperação ao longo do tempo", afirma o banco em sua análise diária. "A combinação dos últimos indicadores de atividade divulgados põe em xeque novamente o vigor da economia americana."
Este cenário de atividade relativamente deprimida e sem qualquer demonstração de pressões inflacionárias, diz o banco, abre espaço para um novo relaxamento da política monetária, já considerado pelo Fed (banco central dos EUA) na última reunião, quando indicou a possibilidade de utilização do viés de baixa.
"Não se deve descartar que essa piora do mercado internacional pode se acomodar no curto prazo, conforme forem se diluindo as preocupações com o 11 de setembro e as expectativas de invasão do Iraque", avalia o BBV. De qualquer forma, os analistas econômicos do banco acreditam que esse quadro "tende a se manter desfavorável por conta das incertezas quanto à capacidade de recuperação da economia norte-americana, mas com um ajuste das expectativas no curto prazo, com correção para cima da confiança do consumidor e dos empresários, ainda que moderada".
No Brasil, esses efeitos podem ser sentidos no aumento da volatilidade tanto da taxa de câmbio quanto no risco-país nos últimos dois dias, por exemplo. "Nesse momento, o foco principal das incertezas é a ameaça de invasão ao Iraque, além da proximidade de 11 de setembro", afirma o BBV. "O mercado internacional mostra-se mais averso ao risco, o que vem produzindo queda nas bolsas, além de pressão no preço do petróleo no mercado internacional, que voltou a beirar os US$ 30."
Sobre a queda da confiança do consumidor, tanto na mensuração do Conference Board quanto da Universidade de Michigan, o banco avalia o fato sob duas óticas:
Segundo, o ISM (Institute of Supply Management) divulgado ontem, que ficou em 50,5 pontos e abaixo das expectativas, o que representa uma expansão na atividade econômica inferior à da média dos sete primeiros meses de 2002 (o patamar médio foi de 53,8 pontos), ou seja, representa uma recuperação menor na margem.
"Na decomposição dos sub-índices constantes do ISM, observa-se a queda dos Novos Pedidos de Fábrica, (indo de 50,4 pontos para 49,7 pontos, nível mais baixo desde novembro de 2001). Também se observa uma reduzida demanda por novos equipamentos", diz o banco. "Um novo ciclo de investimento das corporações só deve ser iniciado a partir da recuperação das margens de lucro das empresas, que vêm patinando nos últimos trimestres."
Segundo o banco, vale citar que o melhor desempenho do setor automobilístico, que apresenta aumento da produção, responde basicamente ao aumento na venda de carros, decorrente das promoções de vendas. "Dessa forma, pode se tratar de um resultado pontual."
O índice de estoques manteve-se abaixo dos 50 pontos (45,2 pontos), demonstrando a continuidade do movimento de queda. "Esse resultado reflete o baixo dinamismo das vendas no último mês, e não exatamente uma tentativa das empresas de recompor estoques."