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Petrobras: novo presidente vai encarar alta de preços e risco de escassez

Sem experiência prévia, Paes de Andrade vai assumir estatal em meio à maior crise global do setor dos últimos anos

Caio Mário Paes de Andrade, novo presidente da Petrobras (Leandro Fonseca/Exame)
AO

Agência O Globo

Publicado em 24 de maio de 2022 às 12h32.

Última atualização em 24 de maio de 2022 às 12h56.

O futuro presidente da Petrobras , Caio Mário Paes de Andrade, vai assumir a empresa em meio a uma das maiores crises globais do setor de petróleo dos últimos anos.

A cotação da matéria-prima está no seu maior patamar em 14 anos, após a guerra na Ucrânia e as sanções impostas à Rússia terem provocado um profundo rearranjo neste setor.

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Há cada vez mais disputa por GNL (gás liquefeito, substituto ao gás natural cuja dependência da Rússia os países europeus tentam reduzir) e diesel no mercado global.

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Vários países do mundo têm adotado reduções de impostos ou oferecido subsídios aos consumidores para aliviar o impacto nos preços dos combustíveis.

Sem experiência prévia no setor de petróleo — o que inclusive fere a Lei das Estatais e pode ser um impeditivo para ele assumir o cargo — Paes de Andrade se apresenta no seu currículo no LinkedIn como um especialista em fusões e aquisições, mercado imobiliário e transformação digital.

Sob seu comando, a Petrobras terá de lidar com desafios inéditos para os preços de gasolina, gás e diesel. Confira abaixo o cenário para os preços desses insumos:

Gasolina

A diferença entre os preços praticados no mercado interno e as cotações internacionais se acentuou nas últimas duas semanas e já chega a 15%, segundo cálculos internos da Petrobras, que calcula uma média dessas variações. Ou seja, um novo reajuste deveria ser iminente.

Segundo dados da Abicom, que reúne as importadoras de combustíveis, nas duas últimas semanas a defasagem da gasolina chegou a quase 20% no Brasil. Nesta segunda-feira, a diferença aqui era de 8% por litro.

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A última vez que a Petrobras reajustou a gasolina foi no dia 11 de março, quando o preço das refinarias passou de R$ 3,25 para R$ 3,86. Nas bombas, os preços vêm se mantendo em patamar recorde com o valor médio por litro a R$ 7,27.

Diesel

Os preços do diesel, neste momento, estão alinhados com o mercado internacional, segundo a Abicom. Mas há um temor de falta de diesel no segundo trimestre se não houver uma sinalização clara de que a estatal vai manter a paridade com os preços externos.

Em documento levado pela Petrobras ao Ministério de Minas e Energia neste mês, a estatal alerta que há um pico de demanda por diesel nos EUA e no Brasil que coincide com a safra brasileira, entre agosto e outubro.

“Sem sinalização de que os preços de mercado serão mantidos adiante, há um risco concreto de escassez de diesel no auge da demanda, durante a temporada de colheita, afetando o PIB do Brasil”, diz o documento.

A estatal já está ampliando as compras de locais mais distantes, como Índia e África Ocidental, depois que as refinarias americanas desviaram parte de sua produção para abastecer os países europeus, que tentam diminuir sua dependência do gás russo.

Gás

Assim como o diesel, o gás também está cada vez mais disputado no mercado internacional, por causa das sanções impostas à Rússia pela guerra na Ucrânia.

No Brasil, este cenário ganhou um complicador adicional. A Bolívia reduziu as vendas de gás de sua estatal YPFB para o mercado brasileiro após a Argentina ter oferecido um preço melhor para o produto.

O país vizinho reduziu a entrega do insumo em 30%, o que equivale a cerca de 5 milhões de metros cúbicos por dia. (Com agências internacionais).

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