Pesquisadores avaliam potencial para bioenergia na África
Iniciativa representa um contribuição brasileira ao projeto Global Sustainable Bionergy (GSB), iniciado em 2009
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2014 às 16h56.
Um grupo de pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos e da Holanda, além de representantes de instituições voltadas ao desenvolvimento socioeconômico do continente africano, vai se reunir, entre 1 e 5 de abril, na África do Sul e em Moçambique para discutir o potencial de produção de etanol de cana-de-açúcar nas duas nações africanas, durante o evento Bioenergy in Africa Workshop.
O encontro faz parte das atividades do Projeto Temático “Contribuição de produção de bioenergia pela América Latina, Caribe e África ao projeto GSB-Lacaf-Cana-I”, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) no âmbito do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN).
O projeto é realizado em colaboração. Do lado brasileiro, participam pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), com o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Universidade de São Paulo (USP), o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), o Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio) e a empresa de consultoria Agroicone.
Também integram o projeto pesquisadores do Dartmouth College, da Penn State University, da University of Minnesota e do Oak Ridge National Laboratory, todos dos Estados Unidos, além do Imperial College London, do Reino Unido, da Stelllenbosch University, da África do Sul, e da Universidade Técnica de Moçambique.
Iniciado em 2013, o Bioenergy Contribution of Latin America & Caribbean and Africa to the Global Sustainable Bioenergy Project (Lacaf-Cana) tem o objetivo de analisar as possibilidades de produção de etanol de cana-de-açúcar na Colômbia, na Guatemala, em Moçambique e na África do Sul.
A iniciativa representa um contribuição brasileira ao projeto Global Sustainable Bionergy (GSB), iniciado em 2009 por um grupo de cientistas, engenheiros, agências governamentais e representantes do setor industrial, com a meta de incentivar o desenvolvimento sustentável dos biocombustíveis e analisar a possibilidade de substituir 25% da energia usada hoje no planeta por bioenergia.
“Nos encontros, na África do Sul e em Moçambique, discutiremos questões relacionadas a um estudo que iniciamos para determinar o potencial de produção de etanol de cana-de-açúcar nesses dois países, especificamente”, disse Luís Augusto Barbosa Cortez, professor da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) e pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Unicamp, à Agência FAPESP.
De acordo com Cortez, durante o estudo será realizado um diagnóstico da produção de biomassa na África do Sul e em Moçambique e da situação energética dos dois países africanos, detalhando as restrições em termos de uso da terra para a produção de bioenergia.
Também será avaliado o modelo de produção de etanol de cana-de-açúcar que poderá ser adotado pelos dois países – se em pequena ou larga escala, por exemplo.
“O estudo está em um estágio preliminar. Estamos na fase de coleta de informações e formação de equipes de pesquisadores para avançarmos no diagnóstico dos problemas”, afirmou Cortez, que é membro do comitê executivo do GSB e coordenador adjunto de Programas Especiais da FAPESP.
Potencial de produção
Segundo Cortez, a produção de bioenergia na África do Sul e em Moçambique ainda é muito pequena. A África do Sul, no entanto, já é a maior produtora de cana do continente africano, voltada em sua maior parte para a produção de açúcar e com volume equivalente ao produzido pelo Nordeste brasileiro – de, aproximadamente, 20 milhões de toneladas por ano.
Moçambique, por sua vez, produz atualmente 3,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, em uma área plantada de 47,4 mil hectares, e tem grande potencial para expandir o cultivo para a produção de etanol.
O problema, no entanto, é que, no caso da África do Sul, o país não possui deficiência energética, uma vez que exporta energia, proveniente especialmente do carvão, sua maior matriz energética. “A produção de etanol de cana-de-açúcar na África do Sul deverá ser feita mais como um subproduto do açúcar”, estimou Cortez.
Já Moçambique desfruta de uma situação energética menos favorável do que a África do Sul e depende de energia importada. O país, contudo, ainda precisa solucionar questões fundiárias e de zoneamento agrícola que têm impactos na expansão da produção da cana, afirmou Cortez.
“A produção de cana não depende apenas das condições físicas e climáticas do país, mas também de um bom ambiente político e institucional”, avaliou Cortez. “Estamos analisando essas questões no estudo”, afirmou.
Na avaliação do pesquisador, os dois países compartilham uma condição fundamental para a produção de biocombustíveis: possuem grande disponibilidade de terra fértil e condições climáticas propícias.
“Produzir biocombustíveis é também uma atividade para países que possuem muita extensão de terra”, afirmou. “Para os com pouca disponibilidade de terra, o ideal é se dedicar à produção de produtos agrícolas que não são commodities, como é a cana-de-açúçar.”
De acordo com estimativas internacionais, o mundo possui hoje cerca de 440 milhões de hectares de terra para uso agrícola ainda disponíveis, dos quais aproximadamente 60% estão localizados na América Latina – sendo 150 milhões de hectares no Brasil. Os 40% restantes estão na África.
“Nas outras regiões não existem muitas áreas disponíveis para aumentar a fronteira agrícola. O que sobra são área desérticas ou montanhosas”, comparou Cortez.
Mais informações sobre o GSB Project: 208.67.2.44/gsb/index.html.
Um grupo de pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos e da Holanda, além de representantes de instituições voltadas ao desenvolvimento socioeconômico do continente africano, vai se reunir, entre 1 e 5 de abril, na África do Sul e em Moçambique para discutir o potencial de produção de etanol de cana-de-açúcar nas duas nações africanas, durante o evento Bioenergy in Africa Workshop.
O encontro faz parte das atividades do Projeto Temático “Contribuição de produção de bioenergia pela América Latina, Caribe e África ao projeto GSB-Lacaf-Cana-I”, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) no âmbito do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN).
O projeto é realizado em colaboração. Do lado brasileiro, participam pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), com o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Universidade de São Paulo (USP), o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), o Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio) e a empresa de consultoria Agroicone.
Também integram o projeto pesquisadores do Dartmouth College, da Penn State University, da University of Minnesota e do Oak Ridge National Laboratory, todos dos Estados Unidos, além do Imperial College London, do Reino Unido, da Stelllenbosch University, da África do Sul, e da Universidade Técnica de Moçambique.
Iniciado em 2013, o Bioenergy Contribution of Latin America & Caribbean and Africa to the Global Sustainable Bioenergy Project (Lacaf-Cana) tem o objetivo de analisar as possibilidades de produção de etanol de cana-de-açúcar na Colômbia, na Guatemala, em Moçambique e na África do Sul.
A iniciativa representa um contribuição brasileira ao projeto Global Sustainable Bionergy (GSB), iniciado em 2009 por um grupo de cientistas, engenheiros, agências governamentais e representantes do setor industrial, com a meta de incentivar o desenvolvimento sustentável dos biocombustíveis e analisar a possibilidade de substituir 25% da energia usada hoje no planeta por bioenergia.
“Nos encontros, na África do Sul e em Moçambique, discutiremos questões relacionadas a um estudo que iniciamos para determinar o potencial de produção de etanol de cana-de-açúcar nesses dois países, especificamente”, disse Luís Augusto Barbosa Cortez, professor da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) e pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Unicamp, à Agência FAPESP.
De acordo com Cortez, durante o estudo será realizado um diagnóstico da produção de biomassa na África do Sul e em Moçambique e da situação energética dos dois países africanos, detalhando as restrições em termos de uso da terra para a produção de bioenergia.
Também será avaliado o modelo de produção de etanol de cana-de-açúcar que poderá ser adotado pelos dois países – se em pequena ou larga escala, por exemplo.
“O estudo está em um estágio preliminar. Estamos na fase de coleta de informações e formação de equipes de pesquisadores para avançarmos no diagnóstico dos problemas”, afirmou Cortez, que é membro do comitê executivo do GSB e coordenador adjunto de Programas Especiais da FAPESP.
Potencial de produção
Segundo Cortez, a produção de bioenergia na África do Sul e em Moçambique ainda é muito pequena. A África do Sul, no entanto, já é a maior produtora de cana do continente africano, voltada em sua maior parte para a produção de açúcar e com volume equivalente ao produzido pelo Nordeste brasileiro – de, aproximadamente, 20 milhões de toneladas por ano.
Moçambique, por sua vez, produz atualmente 3,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, em uma área plantada de 47,4 mil hectares, e tem grande potencial para expandir o cultivo para a produção de etanol.
O problema, no entanto, é que, no caso da África do Sul, o país não possui deficiência energética, uma vez que exporta energia, proveniente especialmente do carvão, sua maior matriz energética. “A produção de etanol de cana-de-açúcar na África do Sul deverá ser feita mais como um subproduto do açúcar”, estimou Cortez.
Já Moçambique desfruta de uma situação energética menos favorável do que a África do Sul e depende de energia importada. O país, contudo, ainda precisa solucionar questões fundiárias e de zoneamento agrícola que têm impactos na expansão da produção da cana, afirmou Cortez.
“A produção de cana não depende apenas das condições físicas e climáticas do país, mas também de um bom ambiente político e institucional”, avaliou Cortez. “Estamos analisando essas questões no estudo”, afirmou.
Na avaliação do pesquisador, os dois países compartilham uma condição fundamental para a produção de biocombustíveis: possuem grande disponibilidade de terra fértil e condições climáticas propícias.
“Produzir biocombustíveis é também uma atividade para países que possuem muita extensão de terra”, afirmou. “Para os com pouca disponibilidade de terra, o ideal é se dedicar à produção de produtos agrícolas que não são commodities, como é a cana-de-açúçar.”
De acordo com estimativas internacionais, o mundo possui hoje cerca de 440 milhões de hectares de terra para uso agrícola ainda disponíveis, dos quais aproximadamente 60% estão localizados na América Latina – sendo 150 milhões de hectares no Brasil. Os 40% restantes estão na África.
“Nas outras regiões não existem muitas áreas disponíveis para aumentar a fronteira agrícola. O que sobra são área desérticas ou montanhosas”, comparou Cortez.
Mais informações sobre o GSB Project: 208.67.2.44/gsb/index.html.