Economia

Pecuaristas perdem renda pelo terceiro ano consecutivo

Desde março de 2003, custos da pecuária subiram 25,76%, e o preço da arroba do boi gordo caiu 11,17%

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h58.

Os pecuaristas sofreram a terceira queda consecutiva de renda em 2005, pressionados pelo aumento dos custos de produção e pela queda dos preços de venda. Segundo pesquisa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/USP), de março de 2003 - início da série histórica - até dezembro de 2005, os custos de produção acumulam alta de 25,76%. Já o preço da arroba do boi recuou 11,17%. Somente no ano passado, os custos subiram 6,41%, e os preços recuaram 11,91%.

Os dados referem-se a nove estados (GO, MG, MT, MS, PA, PR, RS, RO e SP), que respondem por 78% do rebanho bovino brasileiro. Segundo a CNA, o que mais prejudicou a cotação do boi gordo foi a descoberta de focos de aftosa em Mato Grosso do Sul e Paraná no final do ano passado. Somente em dezembro, já sob o impacto da aftosa, o preço do boi gordo caiu 6,14%.

Entre os custos, o que mais pressionou os pecuaristas foi a semente forrageira - usada para manutenção ou abertura de pastagens. Na média, esse insumo apresentou alta de 19,6% no ano passado, patamar bem superior ao 1,22% de 2004. Outros itens com forte reajuste foram as máquinas e implementos agrícolas (16,58%), e a mão-de-obra (15,37%).

Alguns insumos importantes, porém, apresentaram comportamento mais favorável. O sal mineral - responsável por 15% do custo total de produção - subiu 4,44% no ano passado, bem abaixo dos 13,35% de 2004. Os adubos e fertilizantes, usados na pastagem, caíram 8,1%, depois de subirem 21,2% no ano anterior.

Exportações

A aftosa e a descapitalização dos produtores não afetaram o desempenho no mercado externo. Enquanto as expectativas de 2005 no mercado doméstico foram frustradas, as previsões para as exportações foram superadas. O setor esperava remeter 2,150 milhões de toneladas de carne bovina, obtendo 3 bilhões de dólares. Os embarques chegaram a 2,2 milhões de toneladas, e o faturamento, a 3,15 bilhões de dólares - cifra 22,4% superior à do ano retrasado.

Ainda é incerto o efeito da aftosa sobre as exportações de 2006. Em setembro, antes da divulgação dos casos, a Food and Agriculture Organization, ligada à Organização das Nações Unidas, estimava que as exportações de carne bovina do Brasil cresceriam 9% em 2006. Em dezembro, porém, quando a febre aftosa já era conhecida, uma outra fonte, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, estimava que haveria apenas a manutenção dos níveis de exportação de 2005.

Segundo a CNA, por ora, os embarques continuam indo bem. Em janeiro, foram exportadas 165.700 toneladas de carne, uma alta de 29% sobre o mesmo mês de 2005. A receita chegou a 250 milhões de dólares, 28,9% maior. "Em 2006, vamos, no mínimo, repetir os resultados de exportações do ano passado, com possibilidade, inclusive, de crescimento, pois há poucos países que podem atender a demanda mundial, como o Brasil", diz Antenor Nogueira, responsável pela área de pecuária de corte na CNA.

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