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Ex-ministro critica otimismo do governo com desemprego

Para o ex-ministro do Trabalho, Almir Pazzianoto, as estatísticas são "enganosas"

Carteira de Trabalho: segundo ex-ministro, se a situação fosse "rósea", não haveria uma parcela significativa da sociedade insatisfeita (Daniela de Lamare)
DR

Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2014 às 15h43.

São Paulo - O ex-ministro do Trabalho Almir Pazzianoto afirmou nesta segunda-feira, 14, que há um excesso de otimismo do governo em relação a situação do baixo desemprego no país.

"O governo não está vendo com clareza a situação. O governo é marcado por um excessivo otimismo nessa área do trabalho", disse, após participar de debate sobre o mercado de trabalho com outros ex-ministros e líderes sindicais em São Paulo.

Para Pazzianoto, as estatísticas são "enganosas". "A estatística do desemprego não abrange o desempregado crônico, aquele que nasceu fora do emprego e que vai passar a vida fora do emprego", disse.

Segundo ele, se a situação fosse "rósea", não haveria uma parcela significativa da sociedade insatisfeita.

"Se a gente tivesse nessa situação maravilhosa que as estatísticas procuram mostrar, certamente não teríamos Paraisópolis", exemplificou, citando a favela da zona sul da capital paulista.

O ex-ministro alertou para a necessidade urgente de haver uma reforma sindical e trabalhista. "Se nós insistirmos em uma legislação da década de 40 para resolver problemas do século 21, é claro que o insucesso será absoluto."

Para ele, não é o momento de procurar culpados, já que o problema é antigo, mas é preciso de mais ação por parte do poder público.

"O momento é de decisão e ação. Não dá para esperar mais pelas reformas", disse Pazzianoto, que foi ministro entre 1985 e 1988 durante o mandato do então presidente José Sarney.


Apesar de isentar o atual governo da presidente Dilma Rousseff de todos os problemas relacionados à pauta trabalhista, o ex-ministro afirmou que esperava mais de um governo do PT, "por ele ter nascido com a proposta de modernização da estrutura sindical".

"Essa era a grande bandeira do Lula", afirmou. Pazzianoto disse ainda não acreditar em mudança no cenário eleitoral em outubro. "Eu não acredito em mudança pela ineficiência das oposições."

O ex-ministro comentou ainda a decisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de suspender a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

Para ele, ficou claro que houve influência do governo na decisão. "Não poderiam ter mexido no IBGE. O IBGE deve ser conservado como uma instituição autônoma do governo. Foi uma intervenção dura", afirmou, destacando que isso acende um alerta sobre a credibilidade das estatísticas.

O evento de hoje, organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), foi marcado pela ausência do atual ministro Manoel Dias e do seu antecessor Carlos Lupi, que eram aguardados.

Dias alegou problemas pessoais e foi representado pelo secretário-adjunto de Relações do Trabalho, Carlos Artur Barboza. A ausência de Lupi não foi explicada.

Durante o debate, o principal tema foi o "sucateamento" do Ministério do Trabalho.

Segundo os ex-mandatários, a pasta perdeu força nos últimos anos. Além de Pazzianoto, estiveram presentes os ex-ministros Almino Affonso, Dorothea Werneck, Walter Barelli e Antônio Magri.

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São Paulo - O ex-ministro do Trabalho Almir Pazzianoto afirmou nesta segunda-feira, 14, que há um excesso de otimismo do governo em relação a situação do baixo desemprego no país.

"O governo não está vendo com clareza a situação. O governo é marcado por um excessivo otimismo nessa área do trabalho", disse, após participar de debate sobre o mercado de trabalho com outros ex-ministros e líderes sindicais em São Paulo.

Para Pazzianoto, as estatísticas são "enganosas". "A estatística do desemprego não abrange o desempregado crônico, aquele que nasceu fora do emprego e que vai passar a vida fora do emprego", disse.

Segundo ele, se a situação fosse "rósea", não haveria uma parcela significativa da sociedade insatisfeita.

"Se a gente tivesse nessa situação maravilhosa que as estatísticas procuram mostrar, certamente não teríamos Paraisópolis", exemplificou, citando a favela da zona sul da capital paulista.

O ex-ministro alertou para a necessidade urgente de haver uma reforma sindical e trabalhista. "Se nós insistirmos em uma legislação da década de 40 para resolver problemas do século 21, é claro que o insucesso será absoluto."

Para ele, não é o momento de procurar culpados, já que o problema é antigo, mas é preciso de mais ação por parte do poder público.

"O momento é de decisão e ação. Não dá para esperar mais pelas reformas", disse Pazzianoto, que foi ministro entre 1985 e 1988 durante o mandato do então presidente José Sarney.


Apesar de isentar o atual governo da presidente Dilma Rousseff de todos os problemas relacionados à pauta trabalhista, o ex-ministro afirmou que esperava mais de um governo do PT, "por ele ter nascido com a proposta de modernização da estrutura sindical".

"Essa era a grande bandeira do Lula", afirmou. Pazzianoto disse ainda não acreditar em mudança no cenário eleitoral em outubro. "Eu não acredito em mudança pela ineficiência das oposições."

O ex-ministro comentou ainda a decisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de suspender a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

Para ele, ficou claro que houve influência do governo na decisão. "Não poderiam ter mexido no IBGE. O IBGE deve ser conservado como uma instituição autônoma do governo. Foi uma intervenção dura", afirmou, destacando que isso acende um alerta sobre a credibilidade das estatísticas.

O evento de hoje, organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), foi marcado pela ausência do atual ministro Manoel Dias e do seu antecessor Carlos Lupi, que eram aguardados.

Dias alegou problemas pessoais e foi representado pelo secretário-adjunto de Relações do Trabalho, Carlos Artur Barboza. A ausência de Lupi não foi explicada.

Durante o debate, o principal tema foi o "sucateamento" do Ministério do Trabalho.

Segundo os ex-mandatários, a pasta perdeu força nos últimos anos. Além de Pazzianoto, estiveram presentes os ex-ministros Almino Affonso, Dorothea Werneck, Walter Barelli e Antônio Magri.

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