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Partilha tupiniquim afasta grandes do pré-sal, diz Pires

Análise do diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura vale não apenas ao leilão de 21 de outubro, mas para modelo de partilha adotado por marco regulatório

Operador da Petrobras testa amostra de petróleo: pelo modelo de partilha adotado no país, todo campo do pré-sal deve ter a estatal como operadora (Rich Press/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de outubro de 2013 às 15h25.

Rio - A recusa de grandes empresas globais do setor de petróleo e gás, como Exxon Mobil, British Gas (BG) e British Petroleum (BP), de participar do primeiro leilão do pré-sal segue uma lógica de mercado, na qual o modelo oferecido pelo governo brasileiro atende mais aos interesses de grandes petroleiras estatais.

A análise, feita pelo diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires, vale não apenas para o leilão de 21 de outubro, mas para o modelo de partilha adotado pelo novo marco regulatório do setor.

"O problema é a partilha tupiniquim", afirmou Pires, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

No início do processo, o governo chegou a cogitar que o leilão de Libra fosse disputado por cerca de 40 empresas. Hoje, a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) divulgou que apenas 11 companhias se inscreveram.

Segundo Pires, as petroleiras globais de capital mais ou menos pulverizado, classificadas no setor como IOC (companhias internacionais de petróleo, em inglês), estão habituadas a operar seus campos produtores. Ou seja, não se contentam em investir apenas dinheiro na exploração de petróleo e gás.

É o caso da Exxon Mobil, a primeira do ranking global em valor de mercado, segundo a consultoria internacional PFC Energy. Também atuam da mesma forma a BP (sétima) e a BG (19ª).

Pelo modelo de partilha adotado no país, todo campo do pré-sal deve ter a Petrobras como operadora. Além disso, a estatal fica com 30% de cada consórcio explorador. Nesse desenho, as empresas estrangeiras entram apenas como sócias, aportando recursos, mas pouco influenciando na operação. "Por isso, muito se fala nas chinesas", disse Pires.

As petroleiras da China, assim como a Petrobras, são classificadas no setor como NOC (companhias nacionais de petróleo, em inglês). Segundo Pires, o modelo de partilha criado no Brasil é mais afeito a esse tipo de empresa. Para elas, prevalece o interesse estratégico de cada país. "As companhias chinesas não estão preocupadas em operar plataformas, mas sim em ter reservas e produção para levar para a China", afirmou Pires.

Outras NOCs também poderão ter interesse no modelo atual, como a norueguesa Statoil, a francesa Total e a malaia Petronas. No entanto, na visão de Pires, os leilões de campos do pré-sal somente serão mais atrativos se e quando houver mudanças na lei, para tirar a exclusividade da Petrobras na operação e a exigência de participação mínima de 30%.

Além disso, para Pires, se for mantido tudo como está, não será possível fazer leilões todos os anos. Sem fôlego financeiro, a Petrobras não tem como arcar com os investimentos mínimos e na operação.

Outro fator a afastar as grandes petroleiras globais seria o risco de ações na Justiça pedindo o cancelamento do leilão, por causa do caso de espionagem, pela NSA, agência norte-americana de inteligência, sobre a Petrobras. Nesse caso, empresas sediados nos EUA e no Reino Unido são mais afetadas.

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Rio - A recusa de grandes empresas globais do setor de petróleo e gás, como Exxon Mobil, British Gas (BG) e British Petroleum (BP), de participar do primeiro leilão do pré-sal segue uma lógica de mercado, na qual o modelo oferecido pelo governo brasileiro atende mais aos interesses de grandes petroleiras estatais.

A análise, feita pelo diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires, vale não apenas para o leilão de 21 de outubro, mas para o modelo de partilha adotado pelo novo marco regulatório do setor.

"O problema é a partilha tupiniquim", afirmou Pires, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

No início do processo, o governo chegou a cogitar que o leilão de Libra fosse disputado por cerca de 40 empresas. Hoje, a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) divulgou que apenas 11 companhias se inscreveram.

Segundo Pires, as petroleiras globais de capital mais ou menos pulverizado, classificadas no setor como IOC (companhias internacionais de petróleo, em inglês), estão habituadas a operar seus campos produtores. Ou seja, não se contentam em investir apenas dinheiro na exploração de petróleo e gás.

É o caso da Exxon Mobil, a primeira do ranking global em valor de mercado, segundo a consultoria internacional PFC Energy. Também atuam da mesma forma a BP (sétima) e a BG (19ª).

Pelo modelo de partilha adotado no país, todo campo do pré-sal deve ter a Petrobras como operadora. Além disso, a estatal fica com 30% de cada consórcio explorador. Nesse desenho, as empresas estrangeiras entram apenas como sócias, aportando recursos, mas pouco influenciando na operação. "Por isso, muito se fala nas chinesas", disse Pires.

As petroleiras da China, assim como a Petrobras, são classificadas no setor como NOC (companhias nacionais de petróleo, em inglês). Segundo Pires, o modelo de partilha criado no Brasil é mais afeito a esse tipo de empresa. Para elas, prevalece o interesse estratégico de cada país. "As companhias chinesas não estão preocupadas em operar plataformas, mas sim em ter reservas e produção para levar para a China", afirmou Pires.

Outras NOCs também poderão ter interesse no modelo atual, como a norueguesa Statoil, a francesa Total e a malaia Petronas. No entanto, na visão de Pires, os leilões de campos do pré-sal somente serão mais atrativos se e quando houver mudanças na lei, para tirar a exclusividade da Petrobras na operação e a exigência de participação mínima de 30%.

Além disso, para Pires, se for mantido tudo como está, não será possível fazer leilões todos os anos. Sem fôlego financeiro, a Petrobras não tem como arcar com os investimentos mínimos e na operação.

Outro fator a afastar as grandes petroleiras globais seria o risco de ações na Justiça pedindo o cancelamento do leilão, por causa do caso de espionagem, pela NSA, agência norte-americana de inteligência, sobre a Petrobras. Nesse caso, empresas sediados nos EUA e no Reino Unido são mais afetadas.

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