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Para FMI, Brasil tem de ir além do ajuste

O crédito de confiança vale para o ajuste fiscal e o combate à inflação, mas os ganhos de produtividade são outro assunto, pontua o fundo

FMI: economistas e dirigentes do FMI têm mostrado confiança na disposição do governo brasileiro de arrumar as contas públicas (Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2015 às 10h06.

Washington - O mundo precisa recompor o potencial de crescimento para evitar a armadilha da mediocridade, disse a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional ( FMI ), Christine Lagarde, ao apresentar sua Agenda Global de Política para os próximos seis meses.

O Brasil é citado três vezes no documento de 17 páginas: como um dos grandes emergentes com desempenho pior do que o previsto para este ano, como um dos ameaçados pela instabilidade cambial e pela queda de preços das commodities e, finalmente, como um dos necessitados de reformas ambiciosas para ganhar produtividade e poder de competição.

O Brasil ganhou destaque também na entrevista, ao lado da Rússia, pela retração econômica neste ano. "Alguns países estão claramente desacelerando mais do que outros", disse a diretora-gerente.

Falando em inglês, ela descreveu o desempenho do Brasil como "flat", isto é, plano, com uma trajetória parecida com uma reta horizontal.

A imagem descreve a sequência de 0,1% de crescimento em 2014, recuo previsto de 1% em 2015 e recuperação esperada de 1% em 2016.

Depois, num comentário sobre a América Latina, o caso brasileiro foi mais uma vez tomado como exemplo, dessa vez com um toque positivo. O governo, disse Lagarde, está aplicando com determinação uma política fiscal séria.

A retração econômica prevista para este ano será uma consequência, mas haverá crescimento no próximo ano e adiante, "enquanto as expectativas de médio prazo forem adequadamente ancoradas por uma política confiável".

Confiança

Economistas e dirigentes do FMI têm mostrado confiança na disposição do governo brasileiro de arrumar as contas públicas. Também apoiam a política de juros e até sugerem um aperto maior, se a inflação continuar resistente.

Mas projetam um avanço lento na arrumação das finanças governamentais e preveem crescimento muito modesto nos próximos cinco anos.

A maior taxa, 2,5%, será alcançada em 2020, segundo as estimativas divulgadas nos últimos dias.

O crédito de confiança vale para o ajuste fiscal e o combate à inflação, mas os ganhos de produtividade são outro assunto.

Além disso, o economista-chefe do Fundo, Olivier Blanchard, lembrou nesta semana, durante uma entrevista coletiva, outro obstáculo ao investimento e ao crescimento - a corrupção.

Lagarde lançou e tem usado com frequência a expressão "new mediocre", para indicar o risco de a economia mundial ficar presa num atoleiro de baixo crescimento.

Países desenvolvidos começaram, segundo o FMI, a perder potencial de crescimento antes da crise iniciada em 2008.

Menor disponibilidade de mão de obra, como consequência da mudança demográfica é uma das causas apontadas. Mas outros fatores pesam.

No caso do Brasil, baixo investimento, deficiências de infraestrutura, tributação inadequada e escassez de mão de obra qualificada têm aparecido nas análises de organizações internacionais.

Ações políticas corajosas, disse Lagarde, podem impedir a "nova mediocridade" de se converter numa "nova realidade". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Washington - O mundo precisa recompor o potencial de crescimento para evitar a armadilha da mediocridade, disse a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional ( FMI ), Christine Lagarde, ao apresentar sua Agenda Global de Política para os próximos seis meses.

O Brasil é citado três vezes no documento de 17 páginas: como um dos grandes emergentes com desempenho pior do que o previsto para este ano, como um dos ameaçados pela instabilidade cambial e pela queda de preços das commodities e, finalmente, como um dos necessitados de reformas ambiciosas para ganhar produtividade e poder de competição.

O Brasil ganhou destaque também na entrevista, ao lado da Rússia, pela retração econômica neste ano. "Alguns países estão claramente desacelerando mais do que outros", disse a diretora-gerente.

Falando em inglês, ela descreveu o desempenho do Brasil como "flat", isto é, plano, com uma trajetória parecida com uma reta horizontal.

A imagem descreve a sequência de 0,1% de crescimento em 2014, recuo previsto de 1% em 2015 e recuperação esperada de 1% em 2016.

Depois, num comentário sobre a América Latina, o caso brasileiro foi mais uma vez tomado como exemplo, dessa vez com um toque positivo. O governo, disse Lagarde, está aplicando com determinação uma política fiscal séria.

A retração econômica prevista para este ano será uma consequência, mas haverá crescimento no próximo ano e adiante, "enquanto as expectativas de médio prazo forem adequadamente ancoradas por uma política confiável".

Confiança

Economistas e dirigentes do FMI têm mostrado confiança na disposição do governo brasileiro de arrumar as contas públicas. Também apoiam a política de juros e até sugerem um aperto maior, se a inflação continuar resistente.

Mas projetam um avanço lento na arrumação das finanças governamentais e preveem crescimento muito modesto nos próximos cinco anos.

A maior taxa, 2,5%, será alcançada em 2020, segundo as estimativas divulgadas nos últimos dias.

O crédito de confiança vale para o ajuste fiscal e o combate à inflação, mas os ganhos de produtividade são outro assunto.

Além disso, o economista-chefe do Fundo, Olivier Blanchard, lembrou nesta semana, durante uma entrevista coletiva, outro obstáculo ao investimento e ao crescimento - a corrupção.

Lagarde lançou e tem usado com frequência a expressão "new mediocre", para indicar o risco de a economia mundial ficar presa num atoleiro de baixo crescimento.

Países desenvolvidos começaram, segundo o FMI, a perder potencial de crescimento antes da crise iniciada em 2008.

Menor disponibilidade de mão de obra, como consequência da mudança demográfica é uma das causas apontadas. Mas outros fatores pesam.

No caso do Brasil, baixo investimento, deficiências de infraestrutura, tributação inadequada e escassez de mão de obra qualificada têm aparecido nas análises de organizações internacionais.

Ações políticas corajosas, disse Lagarde, podem impedir a "nova mediocridade" de se converter numa "nova realidade". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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