Palocci não reduzirá aperto fiscal para incentivar investimentos
O ministro da Fazenda afirmou, nesta terça-feira (30/11), que investimentos de curto prazo não podem comprometer as metas fiscais
Da Redação
Publicado em 25 de novembro de 2010 às 20h58.
Se depender da disposição do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a política fiscal não será sacrificada para atrair investimentos de curto prazo. Palocci afirmou, nesta terça-feira (30/11), que está convencido de que o controle das contas públicas é um dos principais responsáveis pelo bom desempenho da economia neste momento. "Não abro mão dessa visão até que me provem o contrário", disse.
Contradizendo uma postura adotada durante os últimos anos pelo próprio Partido dos Trabalhadores (PT), ao qual é filiado, Palocci afirmou que, nos momentos em que o país flexibilizou o controle fiscal, os resultados foram bastante negativos. "As críticas que são feitas ao esforço fiscal do governo me parecem críticas de muitos anos atrás. O Brasil já caiu na tentação diversas vezes de relaxar o seu comportamento fiscal, e o resultado obtido ou foi ruim, ou foi péssimo", afirmou.
Para o ministro, manter o rigor fiscal não significa prejudicar a capacidade de investimento do país. "Nós devemos fazer com que o esforço fiscal não tenha como variável o investimento", disse. Palocci também afirmou que conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o assunto. "O presidente Lula, que é quem comanda a política fiscal, tem um comportamento absolutamente tranqüilo sobre essa questão", disse.
PIB revisado
Na entrevista coletiva que concedeu hoje em Brasília, Palocci também comemorou a revisão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2003 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A reavaliação constatou que a economia brasileira cresceu 0,5% no ano passado, ao contrário da queda de 0,2% divulgada pelo instituto em março. Segundo o ministro, o ligeiro crescimento em 2003 indica a força do país, que enfrentou profundos ajustes sem que houvesse retração.
"Esse é um dado importante para uma economia com tradição de vulnerabilidade. O Brasil conseguiu um resultado extremamente positivo", disse. Segundo Palocci, a expansão do ano passado contribuiu para que o país retomasse a atividade econômica de modo mais vigoroso neste ano.
Um exemplo é o incremento de 6,1% do PIB do terceiro trimestre, sobre igual período do ano passado a maior taxa desde o mesmo trimestre de 1996. Para Palocci, o crescimento resulta de fórmulas clássicas. "Não há mágicas no processo. Ele [o crescimento] vem de maneira clássica e muito consistente", disse. O controle fiscal e da inflação e os bons resultados das contas externas são os três fundamentos aos quais Palocci atribuiu os recentes dados econômicos
Nova tabela do IR
O ministro não comentou as mudanças que o governo estuda para a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física. Ele limitou-se, apenas, a afirmar que a correção deve beneficiar os que ganham menos. A revisão da tabela causa preocupação dentro do próprio governo. Hoje, o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, afirmou que as mudanças não podem gerar perdas de arrecadação. "É uma preocupação que não é só nossa. A metade [dos recursos arrecadados] vai para os fundos de participação de estados e municípios", disse.
Com informações da Agência Brasil.