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Palocci diz que acordo com o FMI está vinculado ao crescimento

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, disse nesta quinta-feira que fechar o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), no valor de 14 bilhões de dólares, é muito importante para o Brasil, porque pela primeira vez o país consegue construir um acordo baseado em crescimento e não para tentar se desvencilhar de uma crise. Como […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h43.

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, disse nesta quinta-feira que fechar o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), no valor de 14 bilhões de dólares, é muito importante para o Brasil, porque pela primeira vez o país consegue construir um acordo baseado em crescimento e não para tentar se desvencilhar de uma crise. Como prova, ressaltou, no dia em que foi anunciado o início do acordo, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram que a indústria crescia 4,3%. As afirmações do ministro foram dadas em entrevista ao programa "Bom Dia Brasil", da TV Globo.

O ministro explicou que a equipe econômica está otimista de que o acordo com o FMI será aprovado pelo diretório do organismo internacional. Primeiro, ressaltou o ministro, o acordo será discutido em detalhes com o governo brasileiro e com o presidente Lula, e, depois, vai ao Fundo para ser decidido em dezembro. Só depois da decisão do Fundo é que o acordo poderá ser selado.

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Quanto à desvinculação dos investimentos das estatais da conta do superávit primário (receita menos despesa, exceto pagamento de juros), Palocci disse que a área econômica pretende fazer um estudo de longo prazo. Lembrou que a Petrobras já tem certa liberdade nesse sentido.

Lembrou também que cerca de 2,9 bilhões de reais, resultado de superávit, poderá ser investido em obras de saneamento básico, em função de um acordo realizado com o Fundo Monetário Internacional. "O que nos parece é que, se devemos escolher uma prioridade, a área de saneamento que , nos últimos anos, teve muito pouco investimento, que gera empregos, que leva benefícios para as comunidades e tem uma interferência muito positiva na saúde."

Inflação

Palloci afirmou que a equipe econômica prevê, para o ano que vem, uma inflação convergindo para a meta de 5,5%, com aumento do poder de compra dos trabalhadores, possibilidade da retomada do consumo e do crescimento econômico de maneira sustentada. "Conseguimos baixar a inflação e as negociações salariais se deram de maneira livre. Muitas categorias obtiveram índices próximos à inflação, alguns superiores à inflação. Isso acaba sendo importante hoje, para que os trabalhadores possam recompor seu poder de compra. Com a crise que tivemos no ano passado, não só o Brasil perdeu recursos, mas o trabalhador perdeu, o cidadão, as empresas. O Brasil perde, todos perdem. Mas agora que estamos recuperando o país, todos devem ganhar, não só as grande empresas, mas também o trabalhador, para recompor seu poder de compra. Se hoje temos aumentos que variam entre 10% e 14% e amanhã temos inflação de 6%, é assim que se compõe o poder de compra dos salários: com aumento salarial que venha valorizar o salário a uma inflação mais baixa."

Sobre a relação do PT com o FMI, Antonio Palocci comentou que o Fundo é composto por vários países e o Brasil faz parte desse grupo. Destacou que o FMI é uma instituição que serve para dar apoio aos países. "Muitas vezes, nosso partido foi crítico ao formato dos programas que o Fundo apresentava aos países. É um debate procedente, que existe no mundo inteiro, bastante polêmico."

Quanto à votação da reforma tributária para este ano, sem convocação extraordinária, Palocci esclareceu que o Congresso tem demonstrado um forte compromisso com as reformas, porque entendeu que são elas que estão ajudando o país a arrumar sua economia, seu processo de desenvolvimento. "Isso está claro para todo o Brasil e muito claro para senadores e deputados. As diferenças de opinião não vão impedir que se chegue a uma conclusão, a um acordo. Estou muito seguro disso", conclui.

Ermírio de Moraes

O empresário Antônio Ermírio de Moraes, presidente do grupo Votorantin, disse que o acordo do Brasil com o FMI é importante para que o país tenha uma reserva em 2004. "Eu penso que é apenas um reforço para evitar qualquer anomalia ao longo do ano", disse à Agência Brasil, ao chegar para uma reunião com Palocci, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, e doze empresários, no Palácio do Planalto.

Segundo Antônio Ermírio de Moraes, o dinheiro do FMI, mesmo que não seja utilizado, é importante para dar segurança ao país. "A gente pode trabalhar com menos tensão nervosa", afirmou. Ermírio de Moraes disse, ainda, que o país precisa retomar o crescimento econômico, para combater o desemprego. "Precisamos criar o desemprego zero, se for possível. É difícil, mas temos que fazer força. Hoje, o desemprego está em 13%, se amanhã chegar a 6%, já será uma bela vitória", disse.

Outro empresário que participa da reunião, Pedro Piva, presidente do grupo Klabin, disse que o fato de o acordo com o FMI ter valor inferior ao dos acordos anteriores mostra que a situação do país está melhor. "Eu acho isso salutar, quanto menos melhor, mas eu acho que temos que fazer um colchão de reserva", afirmou. Segundo ele, o PT, que sempre foi contrário a acordos com o FMI, demonstrou amadurecimento na atual negociação com o fundo. "Eu acho que o PT amadureceu e viu que realmente não se pode fazer nada sem empréstimos estrangeiros, inclusive porque o empréstimo estrangeiro é mais barato que o nacional", disse.

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