Economia

Oposição pode atacar o Lula candidato e poupar o Lula presidente

Diante da resistência dos índices de popularidade do presidente da República, a oposição pode tentar descolar a aprovação ao governo das intenções de voto em 2006

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h55.

Atacar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva pode não ser a melhor estratégia para a oposição vencer as eleições presidenciais de 2006, como mostram as recentes pesquisas da CNT/Sensus e do Ibope. A manutenção de índices elevados de aprovação ao presidente, apesar do escândalo político que envolve seu partido, mostra que PSDB e PFL podem ser forçados a mudar de estratégia, poupando críticas ao Lula presidente, mas atacando sua candidatura.

Com isso, segundo o analista político Rogério Schmitt, da Tendências Consultoria, os oposicionistas tentariam impedir que a taxa de aprovação ao governo se traduzisse em intenção de votos no próximo ano. Seria uma situação semelhante por Marta Suplicy nas eleições municipais de 2004. Bem avaliada como prefeita de São Paulo, Marta não conseguiu se reeleger pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Em relatório divulgado nesta quinta-feira (21/7), Schmitt afirma que há vários requisitos para que a estratégia seja bem-sucedida. A primeira seria encontrar um forte candidato "anti-Lula". O adversário deverá contar com baixas taxas de rejeição popular, a exemplo do tucano José Serra, que venceu a disputa municipal em São Paulo no ano passado. Mas também deve apresentar um perfil bastante distinto do de Lula, como o governador paulista Geraldo Alckmin, cuja imagem é de um administrador público competente.

O segundo requisito é que esse nome seja capaz de reunir uma ampla frente de oposição, como a dobradinha PSDB e PFL que elegeu e reelegeu Fernando Henrique Cardoso nos pleitos de 1994 e 1998. Por último, a campanha deverá atrelar o nome de Lula à imagem negativa do PT e às denúncias de corrupção no seu governo.

Para Schmitt, essa estratégia preservaria o presidente no curto e médio prazo, mas daria um tom mais agressivo à campanha presidencial de 2006, diferente do que ocorreu em 2002. Assim, "Lula poderia continuar sendo um presidente bem avaliado, mas sem conseguir converter totalmente seus índices de popularidade em manifestações efetivas de voto na sucessão presidencial".

"Peemebedização"

No curto prazo, a grande disputa interna do PT entre correntes esquerdista e o Campo Majoritário moderados que apóiam o governo e dominam 60% da Executiva Nacional não terá impactos consideráveis sobre o governo de Lula, nem sobre o comportamento da bancada no Congresso, de acordo com Schmitt.

Mesmo na remota hipótese de Tarso Genro, recém-empossado presidente da legenda e aliado de Lula, perder a eleição interna para a presidência do PT em setembro, os riscos de uma maior turbulência política na base de apoio de Lula serão pequenos. No governo, a esquerda petista não teria um forte representante, capaz de se opor ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, cada vez mais forte conselheiro de Lula. Já no Legislativo federal, a maior parte da bancada petista já pertence ao Campo Majoritário e, portanto, segue diretamente as orientações do Palácio do Planalto.

Assim, se a esquerda do PT vencer as eleições internas, o partida poderia passar por um processo de "peemedebização", segundo Schmitt. Ou seja, os órgãos de direção partidária se colocariam na oposição, mas os deputados e senadores seguiriam com Lula. "Em outras palavras, nada que já não faça parte da rotina da base aliada ao governo", diz o analista.

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