O que esperar da economia brasileira em 2018, segundo o Itaú
Crescimento de 3% tem viés de alta e situação fiscal será relativamente tranquila, dizem economistas do banco
João Pedro Caleiro
Publicado em 20 de fevereiro de 2018 às 17h07.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2018 às 18h24.
São Paulo - A projeção do Itaú é que a economia brasileira tenha crescimento de 3% em 2018, mas com viés de alta.
O ano também será relativamente tranquilo no cenário fiscal, com cumprimento das metas com folga assim como em 2017.
A confirmação de que a reforma da Previdência não será votada não muda este cenário, porque seus efeitos só seriam sentidos nos próximos anos:
“É uma derrota para o ajuste fiscal e uma vitória para algumas categorias profissionais que se beneficiam do regime atual, mas não é uma crise fiscal de curtíssimo prazo”, diz Mário Mesquita, economista-chefe do banco.
Em 2018, o que conta é a melhora de arrecadação por causa da atividade mais aquecida e a folga que o governo gerou ao gastar abaixo do teto de gastos constitucional em 2017.
O desafio será em 2019, quando será necessário um novo corte de R$ 30 bilhões para cumprir o teto e uma reforma da Previdência se torna inescapável.
"Ninguém tinha mais a reforma na conta para 2018, mas todo mundo tem na conta para 2019”, resume Pedro Schneider, especialista em contas públicas do banco.
Além disso, em 2019 terá se esgotado a capacidade do governo de tomar recursos de volta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para pagar dívida.
Esta tem sido a forma encontrada para cumprir a chamada regra de ouro, que proíbe a emissão de dívida para cobrir gastos correntes.
"Em 2019 acaba nossa margem (...) O caso do Rio de Janeiro mostra que quando há um colapso total da capacidade de endividamento do Estado, ele acaba ajustando com seus fornecedores, aposentados, etc. Não precisa nem usar o exemplo da Grécia", diz Mesquita.
Juros, inflação e desemprego
O cenário-base, considerando a última comunicação do Copom, é que a Selic fique em 6,75% ao longo de todo 2018, ainda que exista uma pequena possibilidade de um novo corte.
“A taxa de juros está baixa, ela não é baixa (...) Nenhum economista com boa formação acredita que a taxa de juros pode ficar baixa indefinidamente sem um ajuste fiscal”, diz Mesquita.
A inflação deve seguir comportada, abaixo da meta, e a taxa de desemprego não deve se movimentar muito mesmo com a recuperação, porque mais gente vai voltar ao mercado.
“O mercado de trabalho começou a melhorar antes do que o esperado, só que pelo aumento do emprego informal. Agora começa a ver alguma retomada do emprego com carteira, mas que não se traduziu na queda da percepção de dificuldade de achar emprego”, diz Mesquita.