Tudo incerto no orçamento
Em tempos de ressaca olímpica, Brasília vive uma semana que lembra o pentatlo moderno, modalidade que inclui competições de hipismo, esgrima, natação, tiro e atletismo. No planalto central, enquanto o Senado define o futuro da presidente afastada Dilma Rousseff, a equipe econômica do governo interino de Michel Temer corre para apresentar ao Congresso o orçamento de […]
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2016 às 20h50.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h03.
Em tempos de ressaca olímpica, Brasília vive uma semana que lembra o pentatlo moderno, modalidade que inclui competições de hipismo, esgrima, natação, tiro e atletismo. No planalto central, enquanto o Senado define o futuro da presidente afastada Dilma Rousseff, a equipe econômica do governo interino de Michel Temer corre para apresentar ao Congresso o orçamento de 2017. O ministro da fazenda, Henrique Meirelles, e sua equipe fazem os últimos ajustes no documento – que precisa ser apresentado até o fim de agosto.
A indefinição sobre a presidência do país não é a única variável com a qual a equipe precisa lidar para terminar o orçamento e chegar ao déficit de 139 bilhões de reais estabelecido como meta. “Para a meta ser atingida, há duas variáveis principais: a retomada na economia e a aprovação de medidas como o teto dos gastos públicos. As duas estão em aberto”, afirma Celso Toledo, diretor da LCA Consultores e colunista de EXAME Hoje.
O governo estima que, sem nenhum ajuste, o déficit de 2017 chegaria aos 280 bilhões de reais. A aplicação do teto dos gastos reduziria as despesas em 80 bilhões de reais. Além disso, um crescimento de 1,6% no PIB no próximo ano – a projeção atual do governo – aumentaria a arrecadação tributária em 45 bilhões de reais. Fora isso, deve entrar na conta do orçamento a arrecadação com concessões de portos e aeroportos e a venda de ativos.
O problema é que o teto ainda não foi aprovado, o crescimento da economia em 2017, segundo o último Boletim Focus, deve ser de 1,2%, e as concessões e venda de ativos podem ter seus valores frustrados – a exemplo do fracasso com o leilão da companhia de energia Celg-D, na última semana.
Junto com estas incertezas, uma pergunta deve continuar sem resposta no orçamento: a carga tributária vai subir? No orçamento que será apresentado, o aumento deve ficar de fora. Mas, se as demais variáveis forem frustradas, é certo que o aumento virá. Os candidatos são a Cide, um ajuste no IOF e a temida CPMF, mas isso já é tema para as próximas semanas.