"O BC vai fazer o que for preciso para trazer a inflação para a meta", diz Campos Neto
Presidente da autoridade monetária afirmou que esse objetivo existe independente de quem esteja na presidência da instituição
Agência de notícias
Publicado em 12 de agosto de 2024 às 12h35.
Última atualização em 12 de agosto de 2024 às 12h43.
A inflação brasileira rodando acima da meta e as expectativas futuras de inflação desancoradas preocupam o Banco Central, que vai fazer o que for preciso para trazer oIPCApara a meta, independente de quem seja o presidente da instituição. A afirmação foi feita pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante evento de inauguração do novo campus da E scola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP ), em São paulo, na manhã desta segunda.
"A gente tem tido uma mensagem inequívoca e consensual de que o BC vai fazer o que for preciso para trazer a inflação para a meta, é muito importante, e é independente de quem seja o presidente, de qual seja o mandato, isso está bem sedimentado no grupo que temos hoje", disse Campos Neto, que deve deixar o cargo até o final do ano e as apostas indicam que o substituto será Gabriel Galípolo, atual diretor de política e ex-número um do ministro da Fazenda fernando Haddad.
A instituição informou em sua ata, divulgada na semana passada, que o cenário marcado por projeções mais elevadas e mais riscos para a alta da inflação é desafiador e que “não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta”.
Em julho, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu pela manutenção daSelic, pela segunda vez seguida, após um ciclo de sete reduções, que foi de agosto de 2023 a maio de 2024. Os juros básicos da economia foram mantidos em 10,5% ao ano. A próxima reunião está marcada para 17 e 18 de setembro.
Campos Neto disse que o mercado ainda tem incertezas sobre a política monetária futura, assim como o cenário fiscal. O presidente do BC afirmou que a autoridade monetária tem feito o máximo possível para mostrar que o órgão é técnico.
"Obtivemos autonomia para isso. O BC está fazendo tudo o que pode, vai agir com seriedade e não vai poupar esforços. Então acredito que esse prêmio de risco tende a diminuir", afirmou.
Sobre a questão fiscal, o presidente do BC afirmou que o governo está fazendo um esforço fiscal grande e importante, mas é preciso ver a dinâmica do fiscal para frente. Ele acredita que à medida que o governo demonstrar esforço, esse prêmio de risco também tende a diminuir
Ele disse, entretanto, que o Brasil precisa fazer um esforço fiscal extra, olhando o médio prazo, para que as pessoas acreditem que vai ter 'conversão de dívida'.
Turbulência no mercado
Depois de turbulências no mercado global de ações por conta de uma possível recessão nos Estados Unidos, Campos Neto acredita que o ambiente deve ser de volatilidade daqui para a frente. Para o presidente do BC, entretanto, uma desaceleração forte da maior economia do mundo é um cenário pouco provável.
"Houve sinais de descaeleração da economia americana, mas uma recessão não parece ser o cenário mais provável", disse ele, observando que independente de quem ganhe a eleição americana, a política econômica não deve ser muito austera. A dívida pública americana que era de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) agora esdtá indo para 150% do PIB, lembrou.
Para ele, a volatilidade no mercado deve conbtinuar porque há uma falta de sincronia entre a política monetária nosEUA e a de alguns países. A alta de juros no japão, disse, desarmou o chamado 'carry trade' que investuidores vinham fazendo: emprestando dinheiro com juros baixos no Japão e investindo em outros lugares. A expectativa é que os juros continuam subindo no Japão.
Nos Estados Unidos, a expectativa é que os juros caiam até 120 pontos base nos próximos meses, afirmou, num ritmo de redução de 0,25 ponto percentual.