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O ataque dos clones

No front da mídia, Saddam ainda está ganhando a guerra

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h10.

"Lets go." Foi com essa frase que o presidente americano, George Bush, autorizou o primeiro bombardeio contra Bagdá, na noite de quarta-feira (horário do Brasil). A decisão foi tomada numa reunião de Bush com seu conselho de guerra na Casa Branca e, para muitos analistas militares, o ataque foi uma surpresa. A partir de informações passadas por informantes iraquianos, a CIA tinha motivos para crer que o alto comando militar inimigo, e talvez o próprio presidente Saddam Hussein, estivessem num abrigo subterrâneo da capital. Foram lançadas bombas de uma tonelada de explosivos, além de 42 mísseis disparados dos navios estacionados no Golfo Pérsico e no Mar Vermelho. No jargão militar, esse tipo de ação é conhecido como ataque de "oportunidade" -- os americanos julgavam ter informações sobre o esconderijo do ditador e decidiram aproveitar a chance.

O problema da estratégia é apenas um: como saber se o objetivo foi alcançado? Sabe-se que Saddam Hussein tem pelo menos cinco sósias. Diversos comboios escoltados circulam pelo país para confundir os satélites americanos. Desde o fim da primeira Guerra do Golfo, a CIA tenta, sem sucesso, seguir os passos do presidente iraquiano. Até agora, o resultado da primeira ação militar de Bush foi deixar no ar uma grande dúvida. "Acertamos alguém? E, se tivermos acertado, quem foi?", disse um alto membro do governo ao The New York Times.

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Uma análise do áudio do pronunciamento de TV feito por Saddam após o ataque confirmou que a voz era mesmo do ditador iraquiano, mas não foi possível determinar a data em que a gravação foi realizada. Embora Saddam tenha feito referência ao dia 20 de março, é possível que as imagens tenham sido gravadas com antecedência. Na tarde desta sexta-feira (21/3), o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, deu uma entrevista coletiva na qual afirmou que "o ataque ao quartel-general foi um sucesso."

Segundo as informações passadas pelos militares americanos à imprensa mundial, houve uma sensível diminuição na comunicação entre o comando iraquiano. No balanço feito por Rumsfeld, a estratégia de causar "choque e assombro" com bombas já deixou as autoridades iraquianas "confusas". Mas, quando questionado se Saddam Hussein ainda tinha o comando do país, Rumsfeld foi lacônico: "Não sei".

"Ele deve estar imaginando quem foi o traidor que passou as informações a seus opositores", disse à Newsweek Jerrold Post, diretor do departamento de psicologia política da Universidade George Washington e criador do Centro de Comportamento Clínico e de Personalidades da CIA. Post, um dos maiores especialistas em Saddam Hussein do mundo, disse não acreditar na hipótese de que o ditador vá se render ou se exilar. "Não consigo imaginá-lo numa piscina por a", afirmou Post. "Ele se preocupa com seu legado histórico. Se for acuado, pode recorrer às armas químicas e biológicas. Trata-se de um homem que tem confiança em seu instinto de sobrevivência."

Um ano e seis meses depois do ataque contra o World Trade Center, os Estados Unidos ainda não conseguiram capturar Osama bin Laden ou Ayman al Zawahiri, os dois principais líderes da Al Qaeda. Ao centrar a campanha militar no Iraque na deposição do Saddam Hussein, George Bush se impõe um desafio cujo sucesso pode demorar para se materializar. Apesar disso, a guerra pela opinião pública segue a todo vapor.

Na mesma entrevista coletiva, Rumsfeld fez diversas menções à mídia. Em resposta a uma pergunta sobre a segunda onda de bombardeios sobre Bagdá, o secretário afirmou: "Estamos vivendo, pela primeira vez na história, uma guerra em que a informação circula 24 horas por dia, pela televisão, rádio, Internet. Convidamos membros da imprensa a acompanhar todos os fronts do ataque. É preciso ficar claro que, quando a TV mostra uma imagem, trata-se de apenas um aspecto, um lado. A totalidade da guerra é o conjunto de todas as ações."

Na seqüência, ele criticou comentaristas que afirmaram que os intensos ataques sobre a capital iraquiana lembravam bombardeios contra capitais européias na Segunda Guerra Mundial. "Isso não está correto. Estamos falando de bombas novas, muito mais precisas. O cuidado na seleção dos alvos é impressionante", afirmou Rumsfeld. "Há uma grande preocupação humanitária em nossos bombardeios."

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