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Novos focos do coronavírus ameaçam a frágil recuperação global

Flexibilização do isolamento traz melhora em setores como transporte e alimentação fora de casa, mas alta dos casos pode minar ou reverter essa tendência

Visitantes em parque aquático reaberto de Hong Kong em 13 de junho de 2020 (Paul Yeung/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

Publicado em 22 de junho de 2020 às 12h29.

Última atualização em 22 de junho de 2020 às 15h57.

A frágil recuperação da economia global enfrenta um novo obstáculo em meio ao aumento dos casos de coronavírus , que ameaçam manter empresas fechadas e consumidores preocupados.

Os casos do vírus subiram em número recorde para um único dia em 21 de junho, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, com aumentos nos EUA e novos focos na Alemanha e na Austrália.

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Embora a China tenha dito que o novo surto em Pequim esteja sob controle, os casos em outras grandes economias emergentes, incluindo Brasil, Índia e Indonésia, continuam aumentando.

“A luta está longe de terminar”, disse Tuuli McCully, chefe de economia da Ásia-Pacífico no Scotiabank, com sede em Cingapura. “Uma segunda onda significativa de infecções nas economias avançadas representa um enorme risco para a economia global, que ainda está em estágios muito iniciais de recuperação.”

Dados de alta frequência rastreados pela Bloomberg Economics mostraram uma melhora de cenário para setores como transporte e alimentação fora de casa, diante da flexibilização das restrições das medidas de isolamento social. Um aumento sustentado dos casos de coronavírus ameaça minar ou até reverter essas tendências.

Recuperação em U

Nesta semana, o Fundo Monetário Internacional divulga novas previsões para a economia global, que já enfrenta a pior perspectiva desde a Grande Depressão.

Embora o alívio das restrições de isolamento social em partes da Europa e dos EUA tenha levado alguns economistas a preverem uma recuperação em forma de V para a economia global, os novos focos do vírus se colocam contra qualquer recuperação rápida.

O aumento do número de casos “inclina os riscos de uma recuperação em forma de V para uma recuperação em forma de U", disse o economista-chefe do Deutsche Bank, Torsten Slok.

Ainda assim, até que haja uma vacina, não haverá uma recuperação completa.

Formuladores de políticas precisarão permanecer atentos à necessidade de mais suporte, disse Warwick McKibbin, do Instituto Brookings e da Universidade Nacional da Austrália, que modelou o impacto macroeconômico do vírus. Ele participou do Fórum de Liderança Crawford na segunda-feira.

Quase US$ 11 trilhões em recursos fiscais foram aprovados globalmente desde o início da crise, com outros US$ 5 trilhões ainda em andamento, segundo o Instituto de Finanças Internacionais.

“Não estamos nem perto do fim desta pandemia", disse McKibbin.

--Com a colaboração de Fergal O'Brien.

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