Economia

Grã-Bretanha tem maior risco de contágio da crise do euro

Relações comerciais e bancárias com o bloco de moeda única podem aumentar efeitos da crise externa

9. Chipre: -1,16 (Getty Images)

9. Chipre: -1,16 (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2012 às 22h19.

Londres - A Grã-Bretanha lidera a lista de economias externas com maior risco de ser contagiada por qualquer escalada na crise da zona do euro por causa de suas relações comerciais e bancárias com o bloco de moeda única, mostrou um estudo do instituto de risco político Maplecroft divulgado nesta quarta-feira.

O estudo organizou uma lista de classificação de 169 países de acordo com o nível comercial de cada um deles com a zona do euro, que enfrenta uma crise de dívida, assim como a resistência interna para uma desaceleração.

"Os impactos para essas economias incluem redução na produção industrial, perda de competitividade e dívidas soberanas que poderiam provocar níveis insustentáveis devido ao aumento dos rendimentos", apontou a Maplecroft.

A Grã-Bretanha faz parte da União Europeia, mas não da zona do euro. Problemas fiscais britânicos combinados com fortes relações comerciais com a zona do euro tornam sua capacidade de reação a uma piora na crise econômica no bloco "severamente limitada", segundo o estudo.


Um colapso de grandes economias da zona do euro poderia reduzir o comércio britânico em 7 por cento e provocar perdas equivalentes a 7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) aos bancos britânicos devido à exposição deles a bancos da zona do euro e a títulos soberanos, acrescentou.

Países na Europa central e na Escandinávia, assim como nações exportadoras de commodities da África, como Costa do Marfim e Moçambique, também estão entre as 17 economias classificadas como em estado de "risco extremo".

Os Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China, também estão altamente expostos, mostrou o estudo.

Polônia, Hungria e República Tcheca, membros da União Europeia, estão em segundo, terceiro e quarto lugares em termos de risco, enquanto Suécia e Dinamarca aparecem em oitavo e nono lugares.

Muitos países africanos, fortemente dependentes do comércio com a zona do euro, estão no topo da lista, com Mauritânia, Moçambique, Marrocos e Costa do Marfim compondo parte do grupo de 17 países com exposição "extrema" à crise europeia.

Tunísia, Egito e Líbia, países que foram palco das revoltas da Primavera Árabe, estão atrás, enquanto Rússia, Brasil e Índia também foram classificados como nações em alta exposição à crise na zona do euro.

Do grupo dos Brics, formado pelas principais economias emergentes, apenas a China foi apontada com não mais do que uma exposição média.

"Essas economias (dos Brics) não estão totalmente isoladas da desaceleração devido às relações comerciais e de investimentos com a Europa, e uma escalada na crise da zona do euro poderia agravar ainda mais a desaceleração doméstica nas previsões de crescimento entre os Brics", disse o estudo.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaEuropaUnião Europeia

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto